terça-feira, 23 de junho de 2020

Material sobre platelmintos

Filo Platyhelminthes




Características dos platelmintos

- O traço definitivo pelo qual os platelmintos são reconhecidos é o seu corpo achatado dorso-ventralmente, por isso, são chamados de "vermes achatados" ou "vermes planos"




- São os primeiros animais triblásticos, ou seja, que desenvolvem três folhetos embrionários na fase de gástrula, assim, podem desenvolver tecidos e órgãos mais complexos que os cnidários, por exemplo. 




- Não apresentam uma cavidade corporal interna para os órgãos viscerais, ou seja são acelomados, o que resulta no corpo plano.


- Possuem simetria bilateral: partindo o animal no plano mediano (divide em um lado esquerdo e um lado direito), se obtêm duas partes idênticas ou espelhadas 


- Possuem um sistema nervoso mais desenvolvido, presenciando as primeiras ocorrências de cefalização em animais, isto é, a concentração da massa nervosa em uma região específica do corpo, neste caso, a região anterior do organismo, a cabeça, formando gânglios nervosos. Além de uma organização mais elaborada, o sistema nervoso também apresenta órgãos sensoriais, como os ocelos, que conseguem perceber luz, além de mecanorreceptores e quimiorreceptores. 


- Apresentam um sistema muscular que atua principalmente na locomoção (que pode se dar por natação, giros, etc.).


- Possuem sistema digestório incompleto (somente um orifício, que serve tanto para entrada quanto saída) e com digestão extra e intracelular. Sua estrutura digestiva é composta por boca, faringe, e cavidade gastrovascular ou intestino.


- São os primeiros animais a desenvolver estruturas dedicadas à excreção: possuem um sistema composto por órgãos denominados protonefrídios que formam uma rede de túbulos que percorrem o corpo lateralmente e onde passa o fluido absorvido carregado de substâncias tóxicas, que é filtrado e removido do corpo. Destacam-se, aí, células ciliadas responsáveis por gerar o fluxo de líquido ao longo dos tubos, as células-flama ou solenócitos.



- Grande parte de suas espécies é hermafrodita, podendo produzir estruturas masculinas e femininas e, assim, se autofecundarem (podem, também, fecundarem outros indivíduos, ampliando a variabilidade genética). Alguns organismos podem se reproduzir assexuadamente por meio de fragmentação ou fissão, também, em decorrência da alta capacidade de regeneração. 

- Sistemas respiratório e circulatório ausentes, a distribuição de nutrientes e oxigênio se dá por difusão (corpo pequeno e células bem próximas das outras)

- São divididos em três classes distintas: Turbellaria (turbelários), Cestoda (cestodos) e Trematoda (trematodos). 

Exemplo de Turbellaria: planária

Exemplo de Cestoda: tênia ou solitária

Exemplo de Trematoda: esquistossomo

- São conhecidos por serem causadores de doenças (teníase, cisticercose, esquistossomose, etc.), porém, nem todos os seus integrantes são parasitas, alguns podem ser de vida livre, como é o caso dos turbelários.


Anatomia e fisiologia:

Sistema tegumentar: 

O revestimento do corpo dos platelmintos é composto por uma variedade de tipos de células, dentre elas células epiteliais, células glandulares, responsáveis pela produção e secreção de muco e substâncias que podem ajudar na captura de presas ou para o deslocamento do verme no substrato. A epiderme também pode ser coberta por estruturas acessórias, como cílios, que atuam na locomoção dos vermes natantes e que podem estar conectadas a células do sistema nervoso, assim, atuam na percepção de estímulos mecânicos.



A epiderme dos platelmintos parasitas é significativamente distinta da dos platelmintos de vida livre. Nestes, a camada epidérmica é sincicial, ou seja, é composta pela união do citoplasma de várias células, cujos núcleos se encontram no mesênquima, abaixo dos tecidos musculares, assim, conseguem proteger o seu material genético dos agentes de defesa do hospedeiro e realizam as trocas gasosas de modo mais fácil. A epiderme dos parasitas também é caracterizada pela ocorrência de espinhos, que atuam na sua defesa, e microvilosidades, que ampliam a área de absorção de nutrientes.



Sistema nervoso:

A principal novidade que os platelmintos trazem para o sistema nervoso é a cefalização, isto é, a concentração de neurônios e órgãos sensoriais em uma determinada região, no caso, a anterior do corpo, onde se formam gânglios cerebrais de onde partem dois cordões nervosos que percorrem o corpo longitudinalmente ("da cabeça até a cauda"). Em alguns pontos, estes dois cordões nervosos formam "pontes" transversais, se interligando e dando ao sistema nervoso do platelminto uma configuração de "escada de mão".


O sistema nervoso ainda é complementado por várias formas de órgãos sensoriais, que auxiliam o animal a se localizar e orientar, movimentar, encontrar presas e predadores, etc. Os cílios da epiderme podem atuar como mecanorreceptores, que detectam estímulos mecânicos; há quimiorreceptores, as aurículas, que captam estímulos químicos, e, principalmente, estruturas fotorreceptoras, os ocelos, que são capazes de reconhecer se o ambiente está claro ou escuro, sem, contudo, formar imagens. 



Sistema muscular: 

Os tecidos musculares essencialmente revestem a mesoderma, estando localizadas logo abaixo a camada epidérmica. Os platelmintos apresentam músculos longitudinais, que se estendem no sentido do comprimento do corpo (anterior a posterior), quando se comprimem, tornam o corpo mais largo e curto; músculos circulares, que circundam o organismo e que, quando contraem, tornam o corpo mais fino e longo; além de músculos dorsoventrais, que ligam dorso e ventro, e músculos que participam do processo de digestão, como os que fazem parte da faringe. 


Por meio de cílios, secreção de substâncias mucosas e da contração e relaxamento dos músculos, os platelmintos conseguem se deslocar de diversas formas em seu meio:



Parênquima: 

Além do sistema muscular, a mesoderma dá origem, nos platelmintos, a um tecido chamado parênquima, que preenche o corpo do animal entre a camada externa (epiderme) e a interna (gastroderme), sendo delimitado pelo sistema muscular. 



O parênquima é, essencialmente, um corpo de células e fibras que serve como uma superfície contra a qual o músculo pode se fixar, permitindo a sua contração e relaxamento, além de abrigar as estruturas do sistema reprodutivo, excretor, etc.

Sistema reprodutivo:

A grande maioria dos platelmintos é hermafrodita, assim, possuem órgãos masculinos e femininos. Os dois apresentam estruturas semelhantes: são formados por vários órgãos especializados na produção de gametas (os testículos produzem espermatozoides e os ovários produzem óvulos) que são liberados em longos túbulos (a estrutura masculina se chama canal ou tubo deferente e a feminina é oviduto) que percorrem boa parte do comprimento do corpo em ambos os lados esquerdo e direito. 

Ligado ao canal deferente, que é o canal por onde os espermatozoides são encaminhados até o pênis, também estão a vesícula seminal e a próstata, cujas secreções compõem o sêmen, líquido que facilita o deslocamento do gameta masculino até o ovo. 

O pênis do platelminto é retrátil, ou seja, pode ficar "escondido" dentro do seu corpo até o momento da cópula. Devido à proximidade da genitália masculina à feminina (como pode se ver nas imagens, o pênis fica um pouco mais a frente da vagina), o platelminto pode, muitas vezes, se autofertilizar, porém estas ocorrências são mais frequentes em grupos específicos, principalmente nas classes parasitas. O ciclo reprodutivo destes animais será discutido mais especificamente depois.





Sistema excretor:

O sistema excretor é introduzido ao reino animal pelos platelmintos. Sua função básica é a de eliminar substâncias tóxicas resultadas dos processos metabólicos das células, como é o caso da amônia, que é resíduo da digestão de proteínas. 

O sistema é composto por uma rede de protonefrídios, túbulos que se estendem longitudinalmente pelo corpo em ambos os lados e que terminam em pequenas aberturas para o meio externo, o nefridióporo, por onde estas substâncias acumuladas são removidas do corpo. Além dos túbulos, os protonefrídios possuem pontos terminais onde se encontram células especializadas, chamadas de células-flama ou solenócitos, que realizam a absorção do fluido das células, filtram as substâncias que ainda podem ser utilizadas, e movimentam o fluido ao longo da "tubulação" através do movimento de seus cílios ou flagelos (as células-flama possuem várias destes cílios, criando uma imagem que remete a uma chama, enquanto os solenócitos possuem somente um flagelo).



Sistema digestivo:

O sistema digestivo é, essencialmente, composto pela boca, faringe e cavidade gastrovascular ou intestino. A boca, localizada mais ou menos no centro do corpo e na face do ventre, é o único orifício digestivo dos platelmintos, ou seja, atua na ingestão de alimento quanto na evacuação dos restos como um ânus, portanto, constitui um sistema digestivo incompleto. A faringe é um tubo longo e retrátil por onde o animal consegue sugar o alimento do meio externo e, assim, levá-lo até o seu intestino para que possa ser digerido. A cavidade digestiva dos platelmintos possui várias ramificações de modo a aumentar a área de absorção de suas células e conseguir distribuir os nutrientes por todo o corpo através da difusão, tendo em vista que não um há sistema circulatório para desempenhar esta função mais eficientemente. 

Quando os alimentos chegam ao tubo digestório, as suas células liberam várias enzimas, que quebram os alimentos em partículas cada vez menores até que as células consigam absorvê-las por fagocitose e terminar o processo digestivo em seus interiores. Como o processo digestivo começa no intestino, externamente às suas células, e é concluído no interior delas, se diz que a digestão nos platelmintos é tanto extracelular quanto intracelular. 






Além de partículas de alimento em suspensão, algumas espécies conseguem predar outros animais e digeri-los através de suas enzimas, como é o caso das "planárias terrestres", pertencentes à classe dos turbelários:



Certas espécies que não são de vida livre, como as tênias, possuem um sistema digestivo notavelmente reduzido, pois desenvolveram, com o tempo, estruturas dedicadas ao seu modo de vida parasítico, por meio das quais absorvem diretamente os nutrientes digeridos pelo hospedeiro, sem necessidade de um tubo digestório muito complexo. 

Reprodução:

- Reprodução assexuada:    

A reprodução assexuada ocorre, nos platelmintos, principalmente em função da elevada capacidade de regeneração destes animais. Os platelmintos possuem um conjunto de células totipotentes chamadas de neoblastos, que se assemelham às nossas células-tronco. O exemplo mais conhecido de regeneração nos platelmintos é com a planária, que pode ser cortada de várias formas diferentes, sendo que cada fragmento pode originar um ser vivo diferente, logo, se diz que a reprodução assexuada nos platelmintos se dá por fragmentação ou fissão. A capacidade de regeneração das planárias é objeto de estudo da biologia, que busca compreender mais profundamente o que torna este animal tão especial neste quesito, e se seria possível aplicar estes mecanismos para o benefício da humanidade, como na medicina, por exemplo.



Modos assexuados também ocorrem durante o ciclo de vida de platelmintos parasitas, como é o caso das tênias e do esquistossomo, que presenciam a formação de novos indivíduos sem necessariamente ocorrer a fecundação do óvulo.

- Reprodução sexuada:

É a estratégia mais vantajosa para estes animais, tendo em vista que acrescentam variabilidade genética às suas populações. 

Nos turbelários, pode acontecer por autofertilização, em que um mesmo indivíduo, por ser monoico, consegue fecundar o seu óvulo com seus espermatozoides. Apesar de ser uma possibilidade, é preferível que ocorra fecundação cruzada, em que trocam seus gametas. Após a fecundação, o embrião se desenvolve e é depositado, como um ovo, dentro de cápsulas, das quais saem novos organismos jovens que são praticamente idênticos às suas versões adultas, configurando um desenvolvimento direto (não há estágio larval, o descendente jovem é semelhante ao adulto).




Nos cestodos, a reprodução sexuada também pode ser realizada por um mesmo indivíduo (as tênias geralmente são encontradas sozinhas no trato digestivo do hospedeiro e, por isso, são conhecidas como "solitárias") ou pelo contato entre dois indivíduos diferentes. O corpo destes vermes parasitas é dividido em segmentos, as proglótides ou proglotes, sendo que algumas destas divisões são mais maduras e, portanto, aptas à reprodução. A fecundação dos óvulos geralmente acontece entre segmentos diferentes do corpo, o que é favorecido pela disposição "enrolada" do verme, que aumenta o contato entre seus proglótides. A fecundação gera milhares de ovos, que ficam guardados no proglótide grávido, que se desprende do corpo e pode ser eliminado através das fezes do hospedeiro, infectando águas, terra ou alimentos, podendo ser, então, ingerido por um hospedeiro intermediário, onde irá desenvolver seu estágio larval.




Classificação dos platelmintos:

Classe Turbellaria (turbelários):

- Camada epidérmica composta por várias células
- Presença de órgãos sensoriais na região anterior (ocelos, por exemplo)
- São organismos de vida livre e utilizam de uma combinação de cílios, músculos e secreções para se deslocarem
- Tubo digestório presente
- Se alimentam de matéria orgânica morta, partículas de alimento em suspensão e algumas espécies podem até caçar outros animais
- Possuem elevada capacidade de regeneração, assim, podem se reproduzir assexuadamente por fissão e, também, sexuadamente por fecundação cruzada (dois indivíduos) ou autofecundação (um indivíduo)
- Possuem desenvolvimento direto (sem estágio larval)
- São organismos bem pequenos, atingem vários centímetros de comprimento, quando comparado às espécies das outras classes, que podem atingir vários metros de comprimento
- Exemplos:

Exemplo de planária: Dugesia tigrina

Exemplo de policladido: Pseudoceros concinnus

Classe Trematoda (trematodos):

- Possuem epiderme sincicial (formada da união dos citoplasmas de várias células) e não ciliada
- Possuem órgãos e estruturas especializadas para se fixar ao hospedeiro e absorver seus nutrientes (ventosas, por exemplo)
- São animais parasitas, se alimentam dos nutrientes que absorvem de seus hospedeiros. Podem provocar doenças (esquistossomose)
- Sua grande maioria é hermafrodita, uma exceção sendo o esquistossomo: seus corpos masculino e feminino são separados, sendo que o homem é maior e apresenta um sulco em seu corpo, onde o corpo fêmea, que é menor, se acopla durante a fertilização
- Possuem desenvolvimento indireto - apresentam estágios larvais e, ao longo de seus ciclos de vida, têm fases imatura assexuada e amadurecida sexuada.
- Exemplos: 

Schistosoma mansoni

Paragonimus westermani
Fasciola hepatica

Classe Cestoda (cestodos):

- Epiderme sincicial aciliada 
- Ausência de tubo digestório/tubo digestório reduzido
- Têm vida parasítica e podem provocar doenças (teníase e cisticercose)
- Presença de estruturas dedicadas à fixação e absorção de nutrientes do hospedeiro
- São organismos que podem alcançar grandes extensões (vários metros de comprimento), ficando enrolados no interior do intestino de seus hospedeiros
- São seres hermafroditas. No interior de seus hospedeiros, costumam ser bastante competitivos no quesito da reprodução, a qual podem fazer sozinhos através de seus proglotes maduros. Por isso estes parasitas geralmente se encontram "solitários" no interior de seus hospedeiros.
- Têm um corpo característico dividido em vários "anéis" ou "proglotes", os mais distantes da cabeça (escólex) são mais maduros e capazes de se reproduzir, enquanto os mais próximos são recentes e imaturos
- Apresentam desenvolvimento indireto, com fases larvais e momentos de reprodução assexuada e sexuada em seus ciclos de vida
- Exemplos: tênias (de boi e de porco)

Taenia solium, parasita do porco, e Taenia saginata, parasita do boi

Echinococcus granulosus

Doenças:

Teníase:

Agentes causadores: Taenia saginata e Taenia solium, as tênias, também conhecidas como "solitárias".

As tênias, como integrantes da classe Cestoda, se caracterizam por não terem tubo digestório (não precisam digerir alimento já que obtêm nutrientes que foram digeridos por seu hospedeiro); serem segmentados em várias partes chamadas de "proglotes" (ou "proglótides"), sendo que cada proglote apresenta estruturas reprodutivas masculinas e femininas (são seres monoicos), podendo se fertilizarem e portar ovos; ter um corpo composto por "cabeça", o escólex, que possui ventosas e ganchos que as permitem se fixar à parede intestinal do hospedeiro e sugar os seus nutrientes, um "pescoço", o colo, que liga a cabeça ao restante do corpo, que é formado pelos vários proglotes (estróbilo).





A principal diferença entre a T. saginata e a T. solium é, além de seu hospedeiro intermediário (a T. saginata infecta o boi e a T. solium infecta o porco), é a presença de certas estruturas em seus escólex. O parasita do porco possui, além de ventosas, ganchos que reforçam o processo de fixação e absorção de alimento, enquanto no parasita do boi esta estrutura está ausente. 




Estes parasitas são heteroxênicos, ou seja, precisam de mais de um hospedeiro para completarem os seus ciclos de vida, neste caso, o boi ou o porco como hospedeiro intermediário, em que se dá a reprodução assexuada, e o hospedeiro definitivo, o homem, em que se dá a reprodução sexuada.

Hospedeiros: bois e porcos (hospedeiros intermediários) e humanos (hospedeiro definitivo)

Ciclo de vida: 

1. O homem elimina os ovos contidos nos proglotes grávidos através de defecação. As fezes infectadas podem contaminar a água ou o solo.

2. O hospedeiro intermediário acaba ingerindo os ovos da tênia quando se alimenta de vegetação, solo ou água contaminada de fezes. 

3. Os ovos chegam até o intestino do animal, onde eclodem, liberando o embrião do verme, as oncosferas.

4. As oncosferas penetram a parede intestinal e caem na circulação sanguínea, por meio da qual chegam até diversos outros tecidos e órgãos do corpo, principalmente a musculatura.

5. A oncosfera se impregna na musculatura do hospedeiro e se desenvolve em uma larva, o cisticerco.

6. Como a larva se encontra nos músculos do animal, o homem pode ingeri-la ao consumir a carne contaminada caso não a cozinhe corretamente.

7. A larva chega até o intestino delgado do homem, onde a tênia assume a sua forma adulta, se fixando à parede intestinal e absorvendo os nutrientes do hospedeiro.

8. Ainda no intestino do hospedeiro definitivo, a tênia se autofecunda através do contato entre as estruturas reprodutivas de seus proglotes maduros, formando milhares de ovos que ficam guardados dentro destes proglotes, que agora são considerados "grávidos". Estes segmentos que carregam ovos são destacados do restante do organismo e são eliminados nas fezes, dando continuidade ao ciclo.


Ovo de tênia

Desenvolvimento de embrião para estágio de larva (escólex voltado para dentro)





Transmissão e prevenção: 

A transmissão da teníase para humanos se dá, então, através da ingestão de alimentos (principalmente a carne de bovinos e suínos infectados) mal-passados ou simplesmente não cozidos adequadamente, permitindo que o cisticerco se mantenha vivo. 

Para evitar que ocorra esta transmissão, podem ser tomadas diversas medidas:

a) Evitar a defecação próxima a corpos de água como lagos, rios, riachos, etc. pois esta água contaminada pode ser ingerida por outros animais ou ser usada para irrigar plantações, contaminando alimentos, a vegetação ou até mesmo o solo. 

b) Prover serviços como saneamento básico e tratamento de água e esgoto decentes, dando um destino adequado para os excrementos, evitando a contaminação dos meios pelos quais os ovos do verme podem chegar até o hospedeiro 

c) Usar ou beber somente água filtrada, engarrafada ou fervida, tendo em vista que a água também é um dos meios que pode ser infectado pelos ovos

d) Preparo adequado e sanitário de alimentos como verduras, frutas e, principalmente, carnes. Verduras e frutas devem ser bem lavadas para garantir a remoção de ovos e as carnes devem ser bem cozidas de modo que o verme seja morto durante o processo de cozimento, permitindo o consumo da carne. 

e) Fiscalização de alimentos, descartando alimentos contaminados e impróprios para o consumo. 

f) Realização de testes e identificação de sintomas para a teníase, permitindo o tratamento de doentes e evitando que estes indivíduos propaguem o verme.

g) Cuidados com criações de suínos e bovinos, especialmente com os locais em que convivem e se alimentam, a fim de prevenir que se contaminem.




Quando o homem ingere os ovos da tênia, o embrião eclode do ovo e desenvolve para o estágio larval, que penetra o intestino e se implanta em diversos órgãos do hospedeiro, caracterizando a cisticercose. 

A cisticercose é uma doença também causada por tênias, porém somente pela T. solium, que parasita porcos. Nesta doença, o homem é o hospedeiro intermediário, pois é nele que se forma o cisticerco, assim como ocorre na teníase comum mas com os porcos e bois. 

A cisticercose é extremamente perigosa, pois a larva pode se implantar em vários órgãos cruciais para o organismo, como o coração, o pulmão e, principalmente, o cérebro. A infecção do cérebro pelo cisticerco é denominada neurocisticercose, e pode provocar vários sintomas, alguns deles graves: deficiência visual, epilepsia, convulsões, paralisias etc.

A prevenção para a cisticercose é similar ao da teníase.

Sintomas: 

- Perda de peso (o hospedeiro perde parte de seus nutrientes, que são absorvidos pela tênia)
- Alteração de apetite
- Desconforto
- Náusea
- Vômito
- Fadiga 
- Indisposição
- Diarreia

Tratamento: é feito através de remédios antiparasitários (ou anti-helmínticos). 

- Esquistossomose:

Agente causador: Schistosoma sp. (o mais conhecido é o Schistosoma mansoni)

O esquistossomo é um verme pequeno (alguns centímetros de comprimento) pertencente à classe Trematoda. É um ser dioico (indivíduos possuem sexos separados) e que apresenta, assim como as tênias, um ciclo heteroxênico - precisa de mais de um hospedeiro para completar o seu ciclo de vida. No caso do esquistossomo, o hospedeiro intermediário é o caramujo (no caso do S. mansoni, é o caramujo do gênero Biomphalaria), enquanto o hospedeiro definitivo é o ser humano. 




Exemplo de caramujo portador do esquistossomo: Biomphalaria tenagophila



Ciclo de vida:

1. O homem elimina os ovos do esquistossomo através das fezes ou da urina na água (rios, lagos, etc.), onde, por perto, vivem os caramujos que servem como hospedeiros intermediários

2. Na água, os ovos eclodem e liberam o verme em sua fase larval ciliada, o miracídio

3. O miracídio utiliza os seus cílios para nadar até o caramujo hospedeiro

4. A larva infecta o caramujo e, em seu interior, se desenvolve e se reproduz, produzindo várias larvas cercárias, que são liberadas pelo molusco na água

5. Caso o homem entre em contato com essa água contaminada, as larvas cercárias podem penetrar em sua pele através de seus vasos sanguíneos e, assim, infectá-lo

6. Após adentrar o sistema circulatório humano, a larva cercária se desfaz de algumas de suas estruturas acessórias, assumindo uma forma chamada de esquistossômulo, na qual ela se desloca pelo corpo humano, passando por órgãos como o pulmão e o coração

7. Alguns destes esquistossômulos se deslocam até os vasos sanguíneos do fígado, onde se alimentam, crescem e se desenvolvem até chegarem a sua fase de verme adulto em que se tornam capazes de se fecundar

8. Os vermes então penetram o intestino ou a bexiga do homem, onde se reproduzem continuamente, produzindo centenas de ovos que são eliminados através da urina ou das fezes do hospedeiro, fechando o seu ciclo de vida 




Transmissão e prevenção:

A transmissão se dá, então, entrando em contato com as águas de locais repletos de caramujos hospedeiros de esquistossomos, tendo em vista que estas águas também podem estar carregadas com as larvas cercárias liberadas por estes moluscos. Para evitar esta contaminação, são recomendadas as seguintes práticas ou medidas:

a) Evitar nadar, tomar banho ou simplesmente entrar em contato físico com águas onde há suspeitas de vermes ou seus caramujos hospedeiros

b) Não urinar ou defecar próximo a corpos de água doce como rios e lagos

c) Prover saneamento básico e tratamento de água e esgoto para evitar a contaminação da água com fezes ou urina

d) Controle da população de caramujos transmissores

e) Realizar exames e testes, permitindo diagnosticar e tratar os portadores do esquistossomo

f) Educação sanitária, principalmente para as populações desfavorecidas

Sintomas:

- Febre
- Dor de cabeça
- Calafrios
- Suores
- Coceira
- Manchas vermelhas na pele
- Dores abdominais
- Vômito
- Náusea
- Fraqueza
- Falta de apetite
- Inchaço do fígado e do baço ("barriga d'água", sintoma característico da doença)
- Inchaço dos gânglios linfáticos
- Diarreia
- Emagrecimento

Obs.: a esquistossomose pode, se não tratada, provocar várias complicações, inclusive podendo ser fatal.





Tratamento: assim como a teníase, é feito a partir de antiparasitários. 

REVISÃO: filos Porifera, Cnidaria, Platyhelminthes (dia 17 de junho)

 Filos  PoriferaCnidaria Platyhelminthes 
 Tipos de células  Coanócitos, amebócitos, arqueócitos, pinacócitos, porócitos, colêncitos, esclerócitos e espongiócitos Epiteliais, intersticiais, glandulares, epitélio-musculares e miogástricas, nervosas, urticantes e sensoriais (cnidócitos) Epiteliais, glandulares, musculares, nervosas, gástricas, sensoriais e excretoras
 Folhetos embrionários Nenhum (para no estágio de blástula, possui somente blastômeros) Dois (ectoderma e endoderma) Três (ectoderma, mesoderma e endoderma)
 Habitat Aquático (água doce e salgada)Aquático (água doce e salgada) Aquático (água doce e salgada) e terrestre úmido 
 Organização corporalPinacoderme (externa), mesohilo (interior gelatinoso) e coanoderme (interna); assimétricos; corpo tubular dividido em poro, átrio e ósculo

 Epiderme, mesogleia e gastroderme; simetria radial; tipos: pólipo (tubular e fixa, boca rodeada por tentáculos voltada para cima e que leva à cavidade gastrovascular) e medusa (formato de guarda-chuva e móvel, boca voltada para baixo e com presença de tentáculos) Epiderme, mesênquima e gastroderme; simetria bilateral; corpo achatado dorso-ventralmente
 Defesa Espículas Cnidócitos  Sem células de defesa
 Reprodução Assexuada (brotamento, fragmentação e gemulação) e sexuada com desenvolvimento indireto; podem ser monoicos ou dioicos Assexuada (brotamento e fragmentação) e sexuada (alternância de gerações com desenvolvimento indireto); podem ser monoicos ou dioicos Assexuada (fissão) e sexuada; a maioria é monoica
 PatogeniaEspongiose Não causam doenças  Teníase, cisticercose, esquistossomose



Fontes:

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