terça-feira, 27 de outubro de 2020

Exercícios do blog sobre répteis e aves

https://segundocientista.blogspot.com/2015/08/a-grande-inovacao-dos-repteis-o-ovo.html


1. O alantoide é muito importante nos répteis e nas aves. Faça um esquema de um ovo reptiliano. Localize os anexos embrionários, dê a função de cada um e explique porque o alantoide é muito importante para os répteis e aves e pouco desenvolvido e importante nos mamíferos...


Casca do ovo - proteção do embrião, evita o ressecamento, impede a entrada de microrganismos danosos, permite as trocas gasosas, etc.
Albumina - proteína que preenche o espaço entre a casca e o córion. Seria a "clara" do ovo.
Córion - membrana que envolve o embrião e anexos que permitem as trocas gasosas e remoção de excretas.
Alantoide - anexo com irrigação sanguínea associado ao embrião e ao córion onde as excretas nitrogenadas resultadas das atividades metabólicas do embrião são armazenadas e, também, serve como um "órgão respiratório" temporário do embrião, já que o fornece o oxigênio que foi absorvido pela casca do ovo e, também, retira o gás carbônico. Outra função é a de transferir o cálcio da casca para o embrião, que o usará para constituir o seu esqueleto.
Saco vitelínico - anexo preenchido de vitelo, a principal reserva nutritiva dos embriões de aves e répteis enquanto estão dentro dos ovos. 
Âmnio - membrana que envolve o embrião em si, preenchido pelo líquido amniótico que mantém o embrião úmido (evita o ressecamento) e protegido de choques mecânicos. É um dos anexos mais importantes pois, por manter o filhote constantemente exposto à água, o ovo não precisa ser posto em um ambiente aquático, permitindo que os animais habitassem cada vez mais o ambiente terrestre e seco.

O alantoide é reduzido nos mamíferos pois a maior parte de suas funções: armazenar as excreções do embrião, transferir oxigênio para o feto e remover o seu gás carbônico e levar cálcio para constituir o esqueleto do filhote, passam a ser realizadas pela placenta, uma estrutura derivada da associação de alguns anexos embrionários (como o cório e o alantoide) com parte da parede do endométrio da mãe (decídua basal), desta maneira, estes anexos, que são extremamente importantes para as aves e répteis, são pouco significativos para os mamíferos.

Exercícios do blog sobre mamíferos

 https://segundocientista.blogspot.com/2015/08/mamiferos-mammalia.html

1) Cite as apomorfias dos mamíferos e explique cada uma delas.

Presença de pelos - os pelos são extensões filamentosas repletas de queratina (mesma proteína que preenche as camadas mais externas da epiderme e outros anexos - unhas, garras, etc.) que se implantam na pele por cavidades na derme revestidas por epiderme, os folículos, e atuam como estruturas de conservação de temperatura e, quando lubrificadas pelo sebo das glândulas sebáceas, formam uma camada impermeabilizada.

Presença de glândulas de suor, sebo e odor no tegumento - na camada da derme se formam glândulas sudoríparas - secretam um líquido composto por água, sais e excretas que é liberado na pele e, ao ser evaporado, reduz a temperatura corporal; sebáceas - produzem o sebo, uma substância oleosa que lubrifica e impermeabiliza a pele; e odoríferas - produzem substâncias químicas que são usadas para marcar território, indicar emoção (medo, apreensão, felicidade, etc.), estimular/atrair parceiros sexuais, etc.

Presença de glândulas mamárias - é a principal característica dos mamíferos. As glândulas mamárias produzem o leite materno, um líquido composto por gorduras, proteínas e açúcares, além de várias outras substâncias que contribuem para nutrir o filhote até este conseguir se alimentar de outras maneiras. As glândulas podem ser encontradas no peito ou no abdômen do mamífero e, por meio da amamentação dos filhotes, os cuidados parentais são muito mais recorrentes nos mamíferos.

Sistema nervoso complexo - o encéfalo é mais desenvolvido que nos outros vertebrados. Os hemisférios cerebrais ocupam o maior volume do encéfalo, com vários sulcos e giros em sua superfície que expandem a sua superfície, e, assim, têm uma maior capacidade cognitiva.

Mudanças no sistema auditivo - os mamíferos são os únicos vertebrados com pavilhão acústico (a parte visível do ouvido externo, chamada coloquialmente de "orelha") e com três ossículos no ouvido médio - martelo, bigorna e estribo (nos demais vertebrados costumam ser só um).

Dentição - os mamíferos têm dentição heterodôntica (um indivíduo pode ter mais de um tipo de dentes, estes sendo incisivos, caninos, molares e pré-molares). A dentição sofre mudanças ao longo da vida (começam com dentes temporários, os dentes decíduos ou "de leite", que caem e abrem espaço para os dentes primários ou permanentes). Todos os dentes da mandíbula inferior ficam implantados em um único osso fusionado, o dentário (nos outros vertebrados, esta mandíbula é formada por vários ossos articulados).

Pulmões - o sistema respiratório é exclusivamente do tipo pulmonar e os pulmões são envoltos por uma membrana, a pleura, que liga os pulmões aos ossos da caixa torácica. A pleura é formada por duas camadas, a pleura parietal, mais externa, e a visceral, mais interna. Entre estas camadas há um espaço preenchido pelo líquido pleural, que reduz os choques contra os órgãos respiratórios. 

Epiglote - a epiglote seria uma "membrana" que fecha as vias respiratórias durante a deglutição, impedindo a obstrução do sistema respiratório e o sufocamento do animal caso o alimento entre pelo tubo errado.

Endotermia e homeotermia - mamíferos são animais conhecidos como "de sangue quente", ou seja, animais que conseguem manter as suas temperaturas constantes (ou com mínima variação de temperatura) diante das mudanças no meio externo para mais frio ou mais quente. Esta capacidade de conservar a temperatura é a homeotermia, enquanto a endotermia é a geração de calor pelo próprio corpo a partir de suas atividades metabólicas, diferente de animais ectotérmicos, que precisam se expor ao sol ou outras fontes para se manterem aquecidos.

Reprodução - mamíferos são seres dioicos, ou seja, onde há a separação entre indivíduos machos e fêmeas e nota-se o dimorfismo sexual, a presença de características e traços visíveis que permitem a distinção entre organismos do sexo masculino e feminino (exemplos incluem tamanho, tipos de vocalização, glândulas mamárias funcionais, padrões e coloração dos pelos, etc.). Reproduzem-se sexuadamente por fecundação interna e o desenvolvimento do embrião pode ser ovíparo (monotremados) ou vivíparo (marsupiais e placentários).

Coração - possui quatro câmaras (átrio esquerdo, ventrículo esquerdo, átrio direito e ventrículo direito), restringindo a mistura entre sangue venoso e arterial, tornando a circulação mais eficiente. A circulação é do tipo fechada (sangue permanece dentro dos vasos), dupla (circulação sistêmica e pulmonar) e completa (sem mistura de sangue).

Diafragma - uma peça muscular que separa o tronco em cavidade torácica (onde se encontram órgãos como o coração e os pulmões) e cavidade abdominal (como vários órgãos do sistema digestório). O diafragma é responsável por promover a expansão e diminuição do volume da caixa torácica durante a respiração, gerando a inspiração e expiração que trazem oxigênio e expulsam gás carbônico.


2) 

Com base na tabela acima, escreva nos retângulos as características evolutivas que separam esses táxons uns dos outros. A tartaruga é um réptil e está colocada no cladograma como um grupo irmão dos mamíferos.

Retângulo 1 (antes do ramo da tartaruga): coluna vertebral
Retângulo 2 (entre os ramos da tartaruga e do ornitorrinco): presença de pelos e glândulas mamárias
Retângulo 3 (entre os ramos do ornitorrinco e do gambá): presença de placenta
Retângulo 4 (entre os ramos do gambá e do gato): longo período de gestação



segunda-feira, 26 de outubro de 2020

Material sobre cordados - Classe Mammalia

Classe Mammalia







Características:

- Simetria bilateral

- Triblásticos

- Deuterostômios

- Enterocelomados

- Notocorda: novamente, a notocorda está presente durante os estágios embrionários destes animais, regredindo, na fase adulta, para a forma de discos intervertebrais.

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- Tubo neural: nos mamíferos é uma estrutura temporária que persiste durante os estágios embrionários, sendo substituída pelo sistema nervoso central. 

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- Fendas faringianas: mamíferos não desenvolvem respiração branquial, então os arcos branquiais dão origem a uma variedade estruturas ósseas, musculares, nervosas e sanguíneas do pescoço e da cabeça (mandíbulas, ouvido e glândulas do pescoço, como tireoide, paratireoide e timo, por exemplo).



- Cauda pós-anal: é uma estrutura persistente na maioria das espécies mamíferas, servindo para auxiliar na locomoção (tanto contribui para o equilíbrio quanto pode ser usada para se agarrar a galhos, troncos, etc.), manter o animal aquecido, espantar insetos e outros parasitas, indicar emoção, etc.




- Musculatura segmentada: a segmentação em miômeros em formato de V ou W ocorre somente no estágio da embriogênese. Com o embrião completo e o organismo formado, os músculos passam a ser divididos, assim como nos outros Amniota, em feixes e grupos de tecido muscular específicos como adaptação às formas de locomoção mais complexas.


- Coração ventral


- Endostilo/tireoide: a tireoide está presente nos mamíferos na forma de uma glândula bilobada (dividida em duas partes que se conectam por um pequeno "istmo") associada à traqueia. Os hormônios da tireoide regulam o crescimento e a maturidade dos animais. 


- A pele dos mamíferos é dividida em epiderme, derme e hipoderme e possui uma grande variedade de anexos, incluindo unhas, garras, glândulas sudoríparas e sebáceas (sintetizando suor e sebo para reduzir a temperatura corporal e impermeabilizar a pele), cornos e chifres. Outros dois anexos característicos dos mamíferos são os pelos, que ajudam a manter a temperatura do corpo e podem atuar como estruturas sensoriais, e as glândulas mamárias, que produzem o leite dos quais os filhotes se alimentam. 





- Sistema nervoso dividido em central (SNC) e periférico (SNP). O SNC é formado pelo encéfalo e pela medula espinhal, já o SNP consiste nos nervos craniais (12 pares) e os espinhais. O encéfalo, que inclui bulbos ópticos, hemisférios cerebrais, hipotálamo, tetos ópticos, cerebelo, ponte e bulbo, é muito desenvolvido nos mamíferos, que têm os hemisférios cerebrais mais complexos do reino animal, dividido em lobos que regulam percepção sensorial, fala/vocalização, socialização, movimento, raciocínio, entre outras funções.



- Cinco sentidos bastante desenvolvidos. Visão: um par de olhos capaz de perceber cores, diferença de luminosidade e movimento, com anexos como glândulas lacrimais, duas pálpebras e cílios e sobrancelhas em certos casos. Audição: um par de ouvidos com parte da ouvido externo exposta (pavilhão auricular) e três ossículos no ouvido médio (martelo, bigorna e estribo). Tato: distribuído pela pele e anexos (pelo e "bigodes), percebendo toque e mudanças de temperatura. Olfato: por meio de quimiossensores na cavidade nasal que se abre para o exterior por meio de narinas, além de acessórios, como o órgão vomeronasal. Paladar: papilas gustativas distribuídas pelo aparelho oral, especialmente na língua.






- O sistema esquelético divide-se em axial (crânio, coluna vertebral e caixa torácica) e apendicular (cinturas escapular e pélvica e ossos dos membros anteriores - "braços" - e posteriores - "pernas"). O crânio tem uma fenestra temporal (Synapsida) e um par de côndilos occipitais. Os músculos classificam-se em cardíaco, liso e estriado/esquelético. O sistema muscular é especializado para fazer uma variedade de movimentos complexos (mover olhos, pescoço, mastigar, expandir e contrair a caixa torácica durante a respiração, mexer a cauda, etc.). A locomoção é diversa, mamíferos podem se deslocar pelo nado, caminhando, correndo, saltando, voando ou planando. A maior parte das espécies usam os seus quatro membros (e, em certas ocasiões, empregam a cauda como um "quinto membro") para a locomoção, porém alguns têm membros reduzidos (como os cetáceos, cujos membros posteriores desaparecem) e poucos usam somente as pernas para mover pela maior parte de suas vidas (bipedismo completo, no caso dos humanos).




- Sistema circulatório formado por um coração de quatro câmaras (átrios direito e esquerdo + ventrículos direito e esquerdo) e circulação dupla (sistêmica e pulmonar), fechada (sangue não deixa as vias sanguíneas) e completa (sem mistura de sangue). Os glóbulos vermelhos são anucleados (maior espaço para o oxigênio). Mamíferos são endotérmicos, gerando o próprio calor, e conseguem manter a temperatura corporal constante (homeotermia). A respiração é exclusivamente pulmonar, feita através de um par de pulmões flexíveis (expandem e contraem), ramificados (alvéolos pulmonares) e envoltos por uma membrana denominada pleura. O mecanismo de ventilação é providenciado por um músculo que aumenta e diminui o volume da caixa torácica, o diafragma. 




- O sistema excretor dos mamíferos é do tipo metanéfrico e as suas funções são executadas por um par de rins, que contêm uma série de néfrons mais complexos que os dos répteis e das aves e que permitem a formação de uma urina mais concentrada e maior reabsorção de água. A urina é enviada para ureteres que abrem em uma bexiga urinária, onde fica armazenada e controla a frequência da micção. A uretra é o canal por onde a urina deixa a bexiga e é eliminada do corpo, sendo uma estrutura comum ao sistema reprodutor dos machos, por onde sai o esperma, e separada no sistema feminino. A principal excreta da urina mamífera é a ureia, então são animais ureotélicos. As glândulas sudoríparas podem ser consideradas como parte do sistema excretor, visto que, pelo suor também são liberadas substâncias como o ácido úrico e a ureia. 




- Reprodução exclusivamente sexuada. Mamíferos são seres dioicos e com dimorfismo sexual. A fecundação é interna e o desenvolvimento dos embriões é, na maioria dos casos, vivíparo (o filhote se desenvolve dentro do corpo da mãe), com algumas espécies pondo ovos (desenvolvimento ovíparo).  Os mamíferos que se desenvolvem dentro da mãe podem fazê-lo durante todo o seu desenvolvimento, se alimentando através da placenta (Eutheria) ou tendo uma gestação curta onde se deslocam para uma bolsa, o marsúpio, onde finalizam o desenvolvimento (Metatheria). Em todos os casos, os jovens têm uma aparência similar à sua forma "completa", indicando desenvolvimento direto (não há estágio larval). Os cuidados parentais dos mamíferos são os mais complexos de todo o reino animal. Muitas vezes, os pais mantêm os filhotes próximos até atingirem a maturidade sexual. Durante este período, os protegem de predadores, os higienizam, alimentam, etc. O sistema reprodutor tem estruturas comuns, incluindo gônadas (testículos e ovários), gonodutos e o órgão copulatório masculino, o pênis. Nos monotremados aparece uma cloaca para a postura dos ovos, a placenta é completa nos placentários e incompleta nos marsupiais, que têm uma bolsa abdominal com glândulas mamárias.







- Hábitos alimentares incluem herbivoria, carnivoria e onivoria. Estruturas comuns do tubo digestório incluem boca, dentes, língua, faringe, esôfago, estômago e intestinos delgado e grosso, assim como uma variedade de glândulas (salivares, fígado, vesícula biliar, pâncreas...). Os dentes são de vários tipos (heterodontia) - incisivos, pré-molares, molares e caninos - contidos em um único osso, dentário. O estômago pode ter uma única câmara (monogástricos) ou várias câmaras (poligástricos ou ruminantes) para que alimentos de natureza vegetal possam ser digeridos pela flora bacteriana. Os intestinos são mais extensos nos animais herbívoros para aumentar o tempo da digestão.




- Dividem-se em duas subclasses: Prototheria (mamíferos monotremados - põem ovos e não têm mamilos, incluem equidnas e ornitorrincos) e Theria (mamíferos vivíparos), esta última se dividindo em duas infraclasses: Metatheria/Marsupialia (mamíferos marsupiais - placenta incompleta e desenvolvimento termina dentro da bolsa marsupial, incluindo cangurus, coalas e gambás) e Eutheria/Placentalia (mamíferos com placenta verdadeira que nutre e protege o filhote, que nasce completo, incluindo morcegos, ratos, gatos, leões, cães, macacos, humanos, elefantes, golfinhos, etc.).


Sistema tegumentário:

O tegumento dos mamíferos serve como uma barreira contra micróbios e outros agentes invasores, reduz a perda de água e atua como isolante térmico, dentre algumas funções. É composto por três camadas, epiderme, formada por tecido epitelial; derme, tecido conjuntivo; e hipoderme, tecido adiposo. A epiderme é constituída por células chamadas queratinócitos, ou seja, que acumulam queratina, uma proteína característica do tegumento dos seres amnióticos, e que impermeabiliza a pele, tornando-a mais espessa. A queratina é encontrada, nos mamíferos, somente na forma de alfa-queratina. Podem ser observadas até cinco camadas distintas na epiderme. A mais basal, o estrato germinativo, é onde ocorre constante divisão celular mitótica, produzindo novas células epiteliais, que são empurradas para cima para repor as células que foram descamadas ou engrossar a pele de modo geral. O estrato germinativo está, ainda, ligado à lâmina basal localizada entre a epiderme e a derme. Em seguida, se encontra o estrato espinhoso, onde as novas células vão ser ligadas por junções celulares, principalmente desmossomos, assim como começam a acumular fibras de queratina. Acima do espinhoso está o estrato granuloso, onde as células vão sendo achatadas e recebem mais queratina e outras proteínas na forma de grãos. Nas áreas mais espessas da pele, como a das palmas das mãos e da sola dos pés, existe uma camada chamada estrato lúcido por causa de sua aparência translúcida. Por fim, a camada mais externa é o estrato córneo, onde os queratinócitos finalizam a sua transição, perdendo núcleo e diversas organelas, ficando achatados e mortos. Por meio das junções celulares e do preenchimento do espaço entre as células por substâncias cerosas, a perda de água é efetivamente reduzida. A derme é formada por uma rede de fibras proteicas e colágeno, servindo de sustentação para a epiderme e torna a pele mais flexível/elástica. É cortada por uma série de estruturas de diversos sistemas do animal, incluindo nervos receptores de estímulos (como os do tato) e que enviam comandos do SNC para os músculos, realizando, por exemplo, a movimentação dos anexos (retrair garras, erguer pelos, etc.); vasos sanguíneos para nutrir as células do tegumento com oxigênio e nutrientes, entre outros. Além disso, a derme costuma apresentar "dobras" ou saliências ao longo de sua extensão que criam elevações na pele, que podem ocorrer na forma de impressões digitais. A hipoderme encontra-se abaixo da derme e, ao longo do corpo, forma um extenso tecido subcutâneo na base da pele que reduz impactos mecânicos, serve como isolante térmico e reserva energética. 



Na camada da derme situam-se a maior parte dos anexos do tegumento mamífero. As glândulas de suor, ou glândulas sudoríparas, são fundamentais para o controle da temperatura corporal do mamífero, sintetizando soluções à base de água que carregam, também, uma série de excreções, como íons, sais e excretas nitrogenadas, como ureia e ácido úrico, embora esta função seja desempenhada de maneira mais relevante pelo sistema urinário. A estrutura das glândulas sudoríparas consiste em uma base, onde é produzida a secreção, e um duto que sobe pela pele e se abre para o meio externo (secreção exócrina) por meio de um poro, liberando o líquido que, quando evapora, reduz a temperatura do corpo. A "base" da glândula consiste em um único tubo que enrola sobre si mesmo diversas vezes, formando um novelo ou "glomérulo" oval ou esférico implantado na camada subcutânea ou na derme da pele. Ao redor desta base costuma-se encontrar células mioepiteliais que contraem, pressionando as células da glândula, facilitando a secreção do suor e a ascensão do mesmo pelo duto excretor. Existem dois tipos de glândulas de suor: apócrinas, que excretam o suor nos folículos dos pelos e, por isso, ocorrem em regiões limitadas do corpo, sendo o principal mecanismo de termorregulação em animais com cascos (cavalos, vacas, zebras, etc.) e marsupiais, sendo, também, predominante no restante dos mamíferos, com a exceção dos humanos; e écrinas, cujo suor é liberado diretamente na pele e, assim, pode ser encontrado em praticamente toda a extensão do corpo humano, enquanto, nos demais mamíferos, reduz-se às palmas e solas. Nos humanos, as glândulas sudoríparas apócrinas são limitadas a regiões específicas, como as axilas e a área perianal. O mau cheiro que pode provir do suor destas regiões é resultado da proliferação de bactérias, que se alimentam dos componentes do suor e, com isso, produzem odor. Nem todos os mamíferos apresentam glândulas sudoríparas, todavia, e usam outros mecanismos para controlarem a sua temperatura corporal (animais como baleias e golfinhos, por estarem em constante contato com a água, se mantêm resfriados; cães podem reduzir a temperatura por meio da transpiração da língua; porcos tomam banhos na lama, etc.). 






As glândulas sebáceas, por sua vez, são implantadas na derme e estão muitas vezes ligadas aos folículos pilosos. Assim como as sudoríparas, são glândulas multicelulares e exócrinas, já que liberam suas secreções para o meio externo. Uma distinção entre estas glândulas é que, enquanto as glândulas sudoríparas são formadas por um tubo contínuo, as sebáceas consistem em um conjunto de células de aspecto arredondado, constituindo uma espécie de "alvéolo" que se comunica ao folículo por meio de um duto. A secreção das glândulas sebáceas, o sebo, é do tipo oleosa, levando, em sua composição, uma série de químicos, incluindo triglicerídeos, ácidos graxos e colesterol, assim como as partes da célula, que se rompe, se tornando parte do líquido (secreção holócrina). O sebo, por causa de sua natureza lipídica, impermeabiliza a pele, ajudando tanto a evitar que os pelos se encharquem ao entrar em contato com a água (comprometendo o controle da temperatura corporal) quanto a diminuir a perda de água pela evaporação, possuindo, além disso, função imunológica devido à sua acidez, que mata a maioria dos microrganismos. Glândulas odoríferas, que supõe-se que sejam glândulas de suor  apócrinas modificadas, são importantes para a comunicação química entre seres de uma mesma espécie ou interespécies. Estas glândulas estão distribuídas em várias partes do corpo e são utilizadas para indicar emoção (como raiva, medo e felicidade), atrair parceiros, marcar território, etc. Um exemplo de como a comunicação por cheiros ocorre é entre alguns membros da ordem Carnivora, como cães e gatos, que cheiram a região anal de outros indivíduos destas espécies pois esta parte do corpo concentra várias glândulas odoríferas que emitem cheiros que permitem que o animal determine certas informações sobre o "emissor" destes cheiros, como seu gênero, o que come, como está se sentindo, etc.



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As glândulas mamárias - a principal característica dos seres da classe Mammalia - são glândulas sudoríparas apócrinas modificadas que sintetizam o leite que é usado para alimentar os filhotes. Estas glândulas possuem um alvéolo multicelular onde é produzido o leite. Vários alvéolos formam grupos, ou lóbulos mamários (encontrados em números de 10 a 20 por mama) que drenam o leite produzido em dutos lactíferos que vão convergindo em direção ao mamilo, a abertura da mama para o meio externo (não encontrada nos mamíferos monotremados, cujo leite é produzido e encaminhado para fora do corpo diretamente pelos dutos de leite - não ocorrem mamilos), permitindo que o filhote amamente.  As mamas são os órgãos que contêm os lóbulos mamários e os dutos lactíferos em seu interior, terminando nos mamilos. Participam de sua composição grandes quantidades de tecido conjuntivo, para a inervação e irrigação sanguínea, e adiposo, para a proteção contra choques mecânicos e fonte de gorduras para a confecção do leite (a quantidade de gordura pode ser ainda maior para as espécies aquáticas, porque auxilia na flutuação, ou em especies que vivem em ambientes gelados para isolar termicamente o filhote). As mamas podem ser encontradas somente nos marsupiais e nos placentários, geralmente em números pares acima da quantidade média de filhotes de uma ninhada (por exemplo, enquanto cães têm, em média, cinco filhotes, possuem de seis a oito mamas). A localização destas varia, podendo ser encontradas na região dos peitorais (como em humanos) ou na região abdominal (como nas vacas, onde forma um úbere, ou nos cetáceos como as baleias, que ficam contidos dentro de fendas do ventre e são projetados para fora quando o filhote quer se amamentar).





Os pelos, outro importante traço dos mamíferos, lembram as penas das aves na medida em que consistem em minúsculas estruturas filamentosas que recobrem a pele, estão implantadas na derme através de depressões ou folículos epidérmicos, e são formados a partir de células mortas densamente queratinizadas que reduzem as perdas de calor corporal e impermeabilizam a pele. O pelo pode ser dividido em duas regiões: a parte visível, também chamada de haste, que tem até três camadas distintas: medula, córtex é cutícula. A medula é a parte mais interna, tem consistência mole e não é encontrada em todos os animais. O córtex é a parte média, ocupa a maior parte do pelo e armazena os pigmentos que conferem cor, as melaninas (eumelaninas produzem tons marrons e pretos e feomelaninas produzem tons avermelhados e dourados. O enbranquecimento dos cabelos acontece conforme as células que acumulam os grãos de pigmento morrem, o que tende a acontecer com a velhice). A cutícula é a mais externa e escamosa. Os pelos apresentam um ciclo de crescimento e queda. A formação do pelo é parecida com a das penas: a base do folículo tem uma série de células que se multiplicam e vão se empurrando para cima e, no processo, acumulam queratina e morrem. A troca da pelagem costuma acontecer periodicamente conforme as estações passam e a temperatura aumenta ou decresce, embora algumas espécies domesticadas, como as ovelhas, precisam ser tosquiadas de tempos em tempos para evitar o sobreaquecimento. Os pelos podem, ainda, ser diferenciados em estruturas de defesa, espinhos enriquecidos e pontiagudos que podem ser profundamente fixados na derme, de tamanhos iguais e curvados (ouriços) ou mais "soltos" e compridos (porco-espinhos) que se fixam a predadores que os atacam. Por meio do músculo eretor, o folículo piloso é contraído e fica ereto, deixando o pelo "em pé", criando uma barreira que aprisiona camadas de ar quente próximas a pele.





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Escamas são raras entre os mamíferos, sendo características em espécies como os pangolins e os tatus. Consistem em placas ósseas térmicas recobertas por tecido epitelial repleto de queratina. Estas escamas (ou escudos) acabam formando uma verdadeira carapaça que protege principalmente a face dorsal destes animais ou, quando possível, a interioridade do corpo quando estes assumem o formato de bola. 



Tanto garras, unhas e cascos são estruturas queratinosas que se formam na extremidade de suas patas associados aos seus dígitos. As garras são tipicamente utilizadas para atividades predatórias (são rígidas e pontiagudas, conseguem perfurar e rasgar a pele e carne das presas; são usadas para cavar a terra para procurar pequenos invertebrados como minhocas e artrópodes, etc.) e para o deslocamento (podem ser fixadas profundamente a superfícies como troncos e galhos de árvores, útil para espécies com hábitos arboreais - esquilos, bichos-preguiça, coalas...). A garra é constituída por duas placas: unguis (dorsal) e subunguis (ventral). Por causa do crescimento mais acelerado da placa dorsal em relação à ventral, a garra apresenta uma curvatura em que se torna convexa em sua face dorsal e côncava na ventral. Além disso, as laterais da garra são menos desenvolvidas conforme mais distais ficam em relação ao dígito, ou seja, começam mais largas na base e se "afinam" na extremidade, fazendo da garra pontuda. As garras protráteis (ou seja, que podem ficar "guardadas" dentro da pata e expostas quando o animal sente-se ameaçado ou prepara-se para dar o bote) são encontradas principalmente nos felídeos (gatos, leões, tigres, etc.). A unha, uma estrutura típica dos primatas, é, basicamente, uma garra onde a placa subunguis é vestigial, tornando a unha achatada. Já o casco pode ser visto como uma "unha exagerada", já que o unguis envolve toda a falange distal e o subunguis em si, constituindo uma estrutura consideravelmente mais espessa para diminuir o dano provocado contra as patas durante o deslocamento do animal.





Por fim, os últimos anexos mais relevantes dentro dos mamíferos são chifres e cornos. Estes anexos possuem funções diversas, sendo utilizadas como mecanismos de defesa quando algum animal, como um rinoceronte ou um touro, percebe que seu território foi invadido ou que seus filhotes estão sob perigo, por exemplo, além de serem importantes para relações de cortesia sexual e estabelecimento de dominância entre os machos de uma mesma espécie, que lutam usando estes apêndices até que o mais fraco ceda. Os cornos são os anexos encontrados em rinocerontes, bois, vacas, antílopes e girafas. São extensões do osso frontal do crânio que têm origem na camada dérmica da pele, assim, quando crescem, ficam envolvidos por uma camada córnea de queratina. Desta maneira, a matéria que compõe o corno pode ser considerada "morta" e não sofre mudanças ou trocas durante a vida do animal. Algumas variações de corno incluem a das vacas, que são projetadas para as laterais da cabeça, dos rinocerontes, que se localiza abaixo da linha dos olhos e no "meio" da cabeça, e as "antenas" das girafas, que são cornos cobertos de pele. Enquanto isso, os chifres são típicos dos cervídeos (cervos, renas e alces) e, diferentemente dos cornos, são consideradas estruturas vivas, já que ainda possuem irrigação sanguínea. Os chifres são ossos "sólidos" que se formam na cabeça envolvidos por um tipo de tegumento, o veludo, que mantém a estrutura óssea nutrida. Com o tempo, estes chifres crescem e se desenvolvem, formando várias ramificações que lembram os galhos de uma árvore (por isso, costumam ser chamadas de "galhadas). Ao atingir o ápice de seu crescimento, a circulação para os ossos é cortada e, com isso, a estrutura começa a se degradar até cair, revelando o osso "base" onde será formado o próximo chifre, logo, os chifres apresentam muda e os cornos não.


 

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Sistemas nervoso e sensorial:

Os mamíferos são considerados entre os espécimes mais inteligentes de todo o reino animal, atribuindo este "título" graças à complexidade das relações sociais, cuidados parentescos, emoção, capacidade de raciocínio e aprendizado, utilização de ferramentas, entre outros fatores. O principal motivo para esta complexidade é que, comparado às demais classes de vertebrados, a estrutura do sistema nervoso central mais desenvolvida são os hemisférios cerebrais, enquanto, nos grupos precedentes costumavam ser as áreas envolvidas com a percepção e interpretação de estímulos sensoriais. Mesmo assim, os mamíferos conservam as mesmas estruturas vistas nestes seres. O encéfalo possui, por exemplo, uma região anterior dividida em telencéfalo, contendo os bulbos ópticos e o cérebro, e diencéfalo, incluindo epitálamo, tálamo e hipotálamo; região média, o mesencéfalo, onde se formam os tetos e lobos ópticos e auditivos; e região posterior, que inclui o metencéfalo - cerebelo e ponte - e mielencéfalo, que constitui o bulbo. O cérebro, como foi mencionado, destaca-se por ocupar a maior parte do encéfalo nos mamíferos. Uma outra diferenciação que aparece nos mamíferos é o surgimento de várias dobras e sulcos na superfície dos hemisférios cerebrais, o neocórtex, permitindo uma maior área superficial para o córtex em comparação ao volume do cérebro. Esta região também se subdivide em lobos que controlam certas funções do organismo e o seu grau de desenvolvimento varia dependendo da "importância" desta função para o animal: o lobo frontal regula o planejamento e iniciação do movimento, a fala, os gestos, a linguagem e o pensamento abstrato; o lobo occipital participa da percepção e interpretação de estímulos visuais; o lobo parietal processo informações sensoriais como temperatura, dor e toque e o lobo temporal é onde são processados os estímulos auditivos. No diencéfalo, o tálamo atua como centro de retransmissão de impulsos na direção do cérebro ou para o restante do sistema nervoso. O epitálamo liga-se à glândula pineal, responsável pela regulação do ciclo de sono. O hipotálamo está associado à glândula hipófise e que controla uma série de funções corporais, incluindo termorregulação, comportamento sexual, fome e sede. A hipófise, por sua vez, faz parte do sistema endócrino e produz diversos hormônios que agem sobre o corpo, como a prolactina, que atua sobre as glândulas mamárias, incentivando a produção do leite, e a ocitocina, que promove a contração das células mioepiteliais das mamas, fazendo com que o leite seja ejetado durante a amamentação. O mesencéfalo é onde ocorre a maior parte da interpretação visual e auditiva, é onde são produzidos os impulsos para movimentar os glóbulos oculares e também serve como outro centro de retransmissão para o cérebro. O cerebelo é um órgão de tamanho expressivo nos mamíferos, apresentando lobos e saliências aumentando a sua superfície. A função deste órgão é de regular o equilíbrio e a coordenação do movimento do animal. A ponte e o bulbo, ambos compondo o tronco encefálico, controlam funções involuntárias do corpo (respiração, salivação, batimentos cardíacos, deglutição, etc.). A medula espinhal está protegida pelos arcos neurais da coluna vertebral e, assim como o encéfalo, fica contido por três camadas de tecido, as meninges: pia-máter, aracnoide e dura-máter (de dentro para fora). No crânio também se encontram doze pares de nervos que movimentam os músculos da face (gerando expressões faciais por exemplo) e de outras estruturas da cabeça e proximidades (língua, olhos, orelhas, pescoço, etc.) além de coletarem impulsos de órgãos e nervos sensoriais distribuídos ao longo da região cranial. Estes nervos craniais, em conjunto com os nervos espinhais, formam o sistema nervoso periférico dos mamíferos. Os nervos espinhais ocorrem em pares ao longo da extensão da medula, um deles dorsal e o outro ventral. O nervo dorsal tem sempre função sensorial, então seus impulsos são sempre direcionados para o SNC, já o nervo ventral tem função motora, logo, recebe impulsos provenientes do SNC que promovem a ação das estruturas receptoras (órgãos que funcionam involuntariamente são ditos viscerais - compõem o sistema nervoso autonômico - e órgãos que podem ser controlados "conscientemente", como os músculos dos membros - formam o sistema nervoso somático). 

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A visão ocorre nos mamíferos porém não é tão aguçada quando comparada, por exemplo, à de alguns répteis e aves. Mesmo assim, seus órgãos são desenvolvidos na maior parte das espécies e correspondem a uma parte significativa de como obtêm informações sobre os seus arredores. Os olhos são sempre encontrados como um par e são posicionados ou na lateral ou na frente da cabeça. Costuma-se associar a posição lateral dos olhos aos mamíferos herbívoros, já que isto confere uma vantagem ao permitir que o animal abaixe a cabeça para se alimentar da vegetação enquanto ainda consegue observar os seus lados para procurar por predadores, ou seja, aumenta o seu campo de visão. Enquanto isso, a visão frontal é associada aos mamíferos predadores, que conseguem focalizar melhor o seu "alvo" a longas distâncias. Os olhos apresentam alguns anexos para a sua conservação e proteção contra objetos estranhos, como as pálpebras, que são reduzidas a duas (a membrana nictitante é vestigial), cílios (prendem partículas de poeira e detritos), sobrancelhas (contêm gotas de suor e de água, evitando que estas cheguem aos olhos) e glândulas lacrimais (produzem uma secreção que lubrifica os olhos). Em termos da percepção de imagens em cores, esta capacidade é variada entre os mamíferos, existindo espécies monocromatas (pinípedes como focas e leões marinhos), dicromatas (maior parte dos mamíferos, incluindo cães e gatos) e tricromatas (maioria dos primatas). Outra variação que pode ser observada é no tipo da pupila: existem pupilas em formato de fenda vertical (gatos), fenda horizontal (cabras), horizontal (cavalos) e circular. Uma adaptação presente nas espécies com hábitos noturnos é a presença do tapetum lucidum, uma estrutura que reflete a luz que entre pela pupila para dentro do olho, permitindo uma melhor visão em ambientes escuros. 









O órgão auditivo dos mamíferos apresenta duas grandes novidades: primeiro, a presença de um estrutura externa ao crânio, o pavilhão auricular, presente em grande parte de suas espécies, cuja função é melhorar a canalização das ondas sonoras para o interior do ouvido e amplificá-las, tornando a percepção auditiva mais eficiente; e, segundo, a presença de três ossículos no ouvido médio que transmitem as vibrações sonoras para o ouvido interno, martelo, bigorna e estribo, diferente dos ouvidos dos demais vertebrados, que geralmente tinham somente um ossículo. O mecanismo da audição ainda é o mesmo: as vibrações do ar entram no ouvido e são conduzidas pelo meato acústico externo até a membrana timpânica que, ao ser excitada, movimenta o martelo, que movimenta a bigorna e, por sua vez, o estribo. A vibração do estribo movimenta o líquido do interior da cóclea, um osso do ouvido interno em formato de espiral, o que excita as células sensoriais ciliadas, que transformam estas vibrações em impulso elétricos para o cérebro. A cóclea também está associada aos canais semicirculares onde é feita a percepção do equilíbrio e da coordenação do animal. O sistema auditivo dos mamíferos aquáticos é distinto dos terrestres, destacado pela ausência do pavilhão auricular e, em algumas espécies como os cetáceos, pelo ouvido externo como um todo ser não funcional por estar preenchido de cera, a condução de vibrações sonoras para o ouvido médio ocorre através da maxila inferior, e o alcance auditivo destes animais é ampliado por modificações no ouvido interno, permitindo que alguns possam ouvir sons a elevadas frequências, ultrassons (odontocetos como os golfinhos) e a frequências baixas, infrassons (misticetos como as baleias). Um importante mecanismo relacionado ao sistema auditivo dos mamíferos é o da ecolocalização, uma alternativa para criaturas como os morcegos e os mamíferos aquáticos, que geralmente não utilizam as suas capacidades visuais para se situarem e perceberem a presença de objetos no ambiente. A ecolocalização consiste na emissão de ondas sonoras que rebatem em barreiras, desde animais até as paredes de uma caverna, por exemplo, e retornam para os animais emissores, que interpretam o tempo necessário para que a onda refletida chegue até eles como um indicativo da distância dele até esta barreira, permitindo que o animal crie uma "imagem" de seus arredores e possam perceber, principalmente, predadores e/ou presas.



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Através do olfato, mamíferos percebem rastros químicos voláteis de alimentos e líquidos ou os feromônios liberados pelas glândulas odoríferas de outros animais. O aparelho olfativo principal localiza-se no interior das cavidades nasais, cavidades da cabeça que se abrem para o meio externo através de poros, as narinas, e que são, em parte, revestidas por um epitélio sensorial que se comunica ao bulbo olfativo do encéfalo. Enquanto o aparelho secundário, encontrado apenas em grupos específicos, é o órgão vomeronasal ou órgão de Jacobson, e é acessado pelo interior da boca, requerendo um contato físico direto com as substâncias químicas para que possa haver a percepção. O desenvolvimento do tato é maior dentre as espécies em que a visão é bastante reduzida, como as toupeiras, que costumam ter um órgão tátil formado por dezenas de apêndices que circundam o nariz, sendo cada um destes apêndices recoberto por milhares de mecanorreceptores. Outra extensão do sistema tátil são as vibrissas, pelos mais extensos diferenciados na forma de estruturas mecanorreceptoras comumente distribuídas pela cabeça do animal (especialmente nas narinas e nas "bochechas" dele - são os "bigodes" de roedores, gatos, cães, focas, etc.). As papilas gustativas, quimiossensores que interpretam o sabor de alimentos e líquidos se encontram distribuídos ao longo da superfície da língua, com determinados tipos se concentrando em regiões específicas, formando áreas mais sensíveis ao salgado e ao doce, por exemplo. A percepção do paladar ajuda os mamíferos a perceberem quais alimentos são adequados para o consumo ou não, considerando os seus hábitos alimentares (por exemplo, os gatos, por serem carnívoros, não conseguem sentir o gosto de doce comumente associado a alimentos de origem vegetal, como as frutas). 



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Sistemas esquelético e muscular (locomoção):

O crânio é uma estrutura composta formada por conjuntos de ossos menores que protegem encéfalo e nervos cranianos, serve como local de inserção para vários órgãos dos sentidos e articula-se com a mandíbula, que caracteriza-se, nos mamíferos, por ter um único osso onde se desenvolvem os dentes, o osso dentário. Os mamíferos têm apenas uma fenestra temporal em seus crânios (incluem-se no grupo dos Synapsida) e apresentam dois côndilos occipitais para uma mais flexível articulação com os ossos da coluna vertebral. As vértebras são classificadas em cervicais, torácicas, lombares, sacrais e caudais. As vértebras cervicais compreendem a região do pescoço e articulam com o crânio de modo a permitir uma série de movimentos. Destacam-se os dois primeiros ossos: atlas, que sustenta o crânio, e áxis, que se encaixam uma a outra e são algumas das poucas vértebras que recebem nome. A maioria dos mamíferos possui sete cervicais, no entanto algumas espécies de preguiça podem ter de seis até dez. É comum, também, que ocorra a fusão das cervicais nos cetáceos. Às vértebras torácicas sustentam o corpo em seu eixo e servem como ponto de fixação para as costelas que, se encontrando no osso esterno, formam a caixa torácica, que protege órgãos vitais como os pulmões e o coração. As costelas que não ficam ligadas diretamente ao esterno são chamadas de "costelas flutuantes" e são, geralmente, as mais caudais do corpo. O número de torácicas pode variar drasticamente nos mamíferos,  o mais comum sendo entre doze a quinze vértebras deste tipo (humanos têm doze). As vértebras lombares são entre quatro a seis (cinco nos humanos) e localizam-se entre as torácicas e as sacrais, compreendendo a região do abdômen. Em seguida, as vértebras sacrais (três a cinco vértebras) são fusionadas, formando o sacro, que se encontra associado à cintura pélvica. Por último, as vértebras caudais são os ossos que sustentam a cauda e os seus músculos, fazendo-a móvel. Em algumas espécies, principalmente de primatas, as vértebras são reduzidas e fusionadas, formando o cóccix, uma cauda vestigial. As cinturas são os conjuntos de ossos que articulam os membros e estão associados às vértebras torácicas e ao esterno. A cintura escapular é formada pela escápula e pelas cartilagens coracoide e procoracoide (estes últimos ocorrendo somente nos monotremados). As clavículas ocorrem somente nas espécies onde os membros dianteiros têm função principalmente preênsil (como nos primatas, que os usam para manipular alimentos e ferramentas, se agarrar a galhos, etc.) e nos morcegos. Os membros anteriores são formados por úmero (braço), rádio e ulna (antebraço), carpos (punho), metacarpos (palma) e falanges (dedos). As "patas" anteriores dos cetáceos são modificadas na forma de nadadeira para a natação, enquanto, nos morcegos, os metacarpos e as falanges são muito compridas e apresentam, entre elas, membranas denominadas "patágios" que são o aerofólio destes animais, conferindo a habilidade de voarem. A cintura pélvica, por sua vez, inclui os ossos que constituem a "bacia" ou pélvis. Esta estrutura serve de inserção para os membros posteriores e os seus músculos. Participam de sua composição três ossos principais fusionados: ílio, ísquio e púbis. O ílio é o maior dos ossos e ocupa uma posição superior em relação ao ísquio e o púbis, que se encontram um "ao lado" do outro, com o ísquio sendo voltado mais para o lado externo e o púbis voltado para o lado interno do esqueleto. Os membros posteriores são compostos por fêmur (coxa), patela (joelho), tíbia e fíbula (perna), tarsais (canela), metatarsais (peito do pé) e falanges (dedos do pé). Nas espécies aquáticas, estes membros são severamente reduzidos ou não aparecem de modo geral como adaptação para a locomoção neste meio.







Mamíferos têm três tipos principais de tecido muscular: o tecido cardíaco, que reveste o coração e é responsável por manter o órgão batendo e circulando sangue; o tecido liso, que reveste o interior de órgãos, principalmente órgãos tubulares como o tubo digestivo, onde executa ações involuntárias, como o movimento peristáltico que empurra o alimento adiante; e tecido estriado/esquelético, que pode ser controlado voluntária ou conscientemente, sendo predominante nos apêndices corporais, como os membros e o pescoço, assim como órgãos como a língua e os olhos. Dentre algumas aplicações dos músculos nos mamíferos estão a realização de movimentos na face, gerando as expressões faciais utilizadas para expressar melhor os sentimentos (observado principalmente nos mamíferos); erguimento dos pelos para a conservação do calor; contração da bexiga urinária para a contenção da urina e relaxamento para a micção; movimentos no útero para a realização do parto; diminuição e aumento do volume da caixa torácica, estabelecendo os mecanismos de diferença de pressão que permitem a respiração, através do diafragma, uma importante peça muscular característica dos mamíferos, etc. De modo geral, a configuração dos membros distingue-se da dos répteis, outro grande grupo de animais tetrápodes, na medida em que, nos mamíferos, estes são mais compridos e ficam constantemente estendidos, suspendendo o tronco do animal em relação ao chão, enquanto, nos répteis, os membros tinham uma postura "dobrada" e voltados para as laterais, o que rebaixava o tronco de modo que estes seres se deslocavam, em geral, pelo rastejo. A principal função do sistema muscular é a locomoção, e esta é bastante diversificada em função dos variados modos de vida praticados pelos mamíferos. Animais que se deslocam pelo salto, como cangurus e coelhos, têm os membros posteriores mais desenvolvidos que os anteriores (tanto em termos de extensão quanto de musculatura), o que dá maior impulsão para os pulos e acolchoamento para as aterrisagens; várias espécies de primatas, principalmente as que conseguem utilizar ferramentas e têm caudas reduzidas/ausentes, podem andar ou correr certas distâncias sobre as patas traseiras, o que permite que estes usem as suas patas dianteiras para se agarrarem em galhos, segurarem objetos e comida ao mesmo tempo em que se deslocam. Espécies como os quirópteros, nos quais figuram os morcegos, têm uma quilha no esterno onde se implantam os músculos peitorais responsáveis pelo voo e usam o mesmo mecanismo das aves (sustentação, arraste, impulso, etc.). Como um último exemplo, nos ambientes aquáticos, os mamíferos usam a ondulação no sentido vertical para se locomoverem, diferente dos peixes, que o fazem por movimentos laterais do corpo. Os membros usados para o nado incluem os braços e as pernas (no caso das espécies terrestres que costumam ir para a água, como os ursos; podendo ter membranas interdigitais que aumentam a impulsão), nadadeiras anteriores (ocorrem em cetáceos e pinípedes como as focas) e nadadeiras caudais.







Sistemas circulatório e respiratório:

O coração localiza-se no interior da caixa torácica dos mamíferos e caracteriza-se por ter quatro câmaras distintas igual ao das aves, o que, em conjunto com o tamanho geralmente maior do coração e do aparecimento de glóbulos vermelhos sem núcleo (com a exceção dos camelos), aumentando a capacidade de oxigênio dentro destas células, faz com que os mamíferos tenham uma geração de energia bastante eficiente para atender às demandas de seus sistemas nervosos e muscular mais desenvolvidos. A circulação divide-se em sistêmica e pulmonar, havendo, também, um ciclo dedicado a abastecer o próprio coração de oxigênio, a circulação coronária. A circulação sistêmica segue do coração em direção aos órgãos e tecidos do corpo, os fornecendo nutrientes da digestão e oxigênio e coletando o gás carbônico e seus resíduos metabólicos. No coração, o sangue da circulação sistêmica, o sangue arterial, passa do átrio esquerdo para o ventrículo esquerdo e, enfim, para a artéria aorta, que se ramifica para chegar a diversas partes do corpo, retornando por meio da veia cava, que deposita no átrio esquerdo do coração, iniciando a circulação pulmonar. A circulação pulmonar ocorre quando o sangue pobre em oxigênio e rico em gás carbônico é enviado para os pulmões através das artérias pulmonares, que se ramificam em minúsculos capilares que fazem contato com os alvéolos do pulmão, com os quais fazem as trocas gasosas, se desfazendo do gás carbônico e recebendo gás oxigênio. Agora oxigenado, o sangue retorna ao coração pelas veias pulmonares, caindo no átrio esquerdo, reiniciando o ciclo. Uma curiosidade sobre o coração dos mamíferos é que, como a circulação sistêmica requer que o sangue seja transportado por distâncias mais longas, o bombeio do coração deve ser mais forte em sua parte esquerda (de onde o sangue arterial sai) e, por isso, o coração é maior nesta região e, para acomodá-lo, o pulmão esquerdo apresenta uma cavidade em sua parte inferior. Além das hemácias, o sangue mamífero possui células brancas, cujas funções são principalmente imunológicas, e plaquetas, que coagulam o sangue, interrompendo hemorragias.





Os mamíferos são, assim como as aves, animais endotérmicos, ou seja, suas atividades metabólicas liberam o próprio calor que mantém o corpo aquecido, sem a necessidade de ficarem expostos ao sol ou a outra fonte de calor como no caso dos répteis. Gerando o próprio calor, os mamíferos também mantêm a temperatura corporal constante diante das variações de temperatura, uma propriedade chamada homeotermia, também conhecida coloquialmente como "sangue quente". Alguns mecanismos para a termorregulação apresentados pelos mamíferos são: pelos - podem ser erguidos para conservar massas de ar quente quando o animal é exposto ao frio; transpiração - por meio da evaporação do suor, ou de umidade através da língua, por exemplo, reduzem a temperatura do corpo; contato com a água - seja bebendo água gelada ou se banhando, a água é um meio importante para os mamíferos se resfriarem. Uma alternativa para os banhos na água são os banhos de lama, comuns entre porcos, elefantes e rinocerontes. Diante de períodos mais gelados, onde a comida e as presas se tornam escassas, muitos mamíferos praticam a hibernação, um estado de letargia onde o animal suspende a maior parte de suas funções corporais, preservando o máximo de energia o possível para que possa sobreviver durante estas estações de frio até as temperaturas voltarem a crescer e possam deixar seus abrigos. Nestes períodos, costumam se alimentar de reservas de comida que acumularam em seus abrigos ou consomem as reservas gordurosas de seus corpos que as fornecem tanto energia quanto isolamento térmico que reduz a perda de calor. Dentre as espécies com costumes de hibernação encontram-se ursos; ratos, esquilos (e outros roedores); ouriços, porcos-espinhos e morcegos.




A maioria dos mamíferos começa a sua respiração através das narinas, poros que levam a uma cavidade nasal onde o ar acaba sendo aquecido e umedecido pelo tecido não sensorial que a reveste. Partículas de poeira e microrganismos são contidos pelo muco produzido pelas células de revestimento e varridas para fora do nariz na forma da "meleca". A cavidade nasal termina em uma abertura para a faringe, a nasofaringe. Daí em diante, a faringe se divide em laringe, do tubo respiratório e esôfago, do tubo digestório. Todos os mamíferos têm uma epiglote que bloqueia a laringe quando algum alimento é ingerido. Localizadas na região da laringe estão as pregas vocais, um dos órgãos responsáveis pela vocalização nos mamíferos. Após a laringe está a traqueia, uma região consideravelmente enrijecida por uma série de anéis cartilaginosos que a mantém "aberta" para a entrada do ar. A traqueia bifurca em um par de brônquios, cada um entrando em um pulmão. Nos pulmões, estes brônquios se bifurcam e ramificam cada vez mais, formando estruturas cada vez menores, passando de bronquíolos para alvéolos pulmonares, estruturas que lembram "cachos de uva", com cada uva sendo pequenos sacos aéreos com paredes finas e envoltos por pequenos capilares sanguíneos, com os quais fazem as trocas gasosas (hematose). Os pulmões são protegidos por uma pleura formada por duas camadas de tecido: a pleura parietal, externa, e a pleura visceral, interna. A respiração é um tanto diferente nos mamíferos aquáticos. Estes respiram através de uma abertura respiratória localizada no topo de suas cabeças, um "espiráculo", que se abre quando o animal se aproxima da superfície para que o ar possa entrar em suas vias respiratórias, e não por meio de narinas.








Sistema excretor:

Os principais órgãos são os rins, que são do tipo metanéfrico e os mais complexos do reino animal. O rim tem duas partes principais, o córtex renal e a medula renal. O córtex renal é onde se localizam as unidades excretoras, os néfrons, enquanto a medula renal compreende os dutos coletores por onde a urina é enviada para os ureteres em direção à retirada do corpo. Os néfrons dos mamíferos são formados pelo corpúsculo renal, que é, por sua vez, constituído por um glomérulo de arteríolas e a cápsula de Bowman, onde é feita a ultrafiltração do sangue (substâncias tóxicas e/ou em excesso são removidas do sangue), e o sistema de túbulos: túbulo proximal, alça de Henle e túbulo distal, onde ocorre a reabsorção dos nutrientes e químicos úteis para o corpo. Conforme o sangue é filtrado e os seus componentes reaproveitados, as excreções vão se concentrando e compõem a urina, cujo principal composto nitrogenado removido é a ureia, fazendo os mamíferos animais ureotélicos. A urina que é produzida nos rins é transportada por ureteres (um por rim) para a bexiga urinária, um órgão revestido por músculos que regulam a urinação restringindo o canal para a uretra ou relaxando as suas paredes permitindo o seu esvaziamento. A uretra é mais extensa nos mamíferos machos, já que muitas vezes é um canal comum ao sistema reprodutivo, percorrendo o órgão copulatório, que costuma ser comprido para a inserção na fêmea durante a cópula; enquanto a uretra feminina é separada do aparelho reprodutivo e tende a ser curta. Nos monotremados, o aparelho urinário abre-se em uma cloaca em ambos os sexos.





Reprodução:

O sistema reprodutivo dos mamíferos compreendem os órgãos responsáveis pela produção dos gametas, das estruturas que irão abrigar e/ou nutrir o(s) filhote(s) e dos hormônios que influenciam o desenvolvimento das características sexuais, e o preparo do indivíduo para comportamentos de cortesia e proteção da prole. Nos machos, as gônadas são os testículos, que podem ser encontrados no interior do corpo ou externamente, guardados em um saco escrotal e cobertos por pelo para manter as gônadas sob a temperatura adequada para o funcionamento. Nos testículos ocorre a espermatogênese e a produção de hormônios que definem os caráteres sexuais secundários do macho (uma forma de definir o dimorfismo sexual nas espécies - ex.: leões formam as suas jubas quando começam a produzir testosterona; humanos do sexo masculino tendem a engrossar a voz e desenvolver pelos nas regiões pubianas, etc.). Após serem formados, os espermatozoides, ainda em suas etapas imaturas, são transportados para o epidídimo, que leva ao duto deferente. Ao longo destes dutos, as gônadas passam por maturação e recebem uma série de secreções e líquidos produzidos pelas glândulas anexas do sistema (próstata, glândula bulbouretral e vesículas seminais), formando o sêmen. Os machos tendem a ter um pênis como órgão copulatório para facilitar a fecundação interna na fêmea. O pênis pode ser uma estrutura exposta ou ficar guardado no interior do organismo e ser projetado quando o animal urina ou copula. O duto que percorre o pênis é a uretra, o mesmo tubo por onde a urina do sistema urinário é ejetada, servindo também para a liberação dos espermatozoides. Os órgãos femininos ficam contidos no interior do corpo na região abdominal. As suas gônadas são um par de ovários que depositam suas gônadas (óvulos) em ovidutos (tubas uterinas) que ligam ao útero, o órgão onde os espermatozoides serão recebidos e possivelmente fecundarão os óvulos. Os ovários também sintetizam dois importantes hormônios sexuais: o estrógeno, o "hormônio feminino" responsável por manter as estruturas do sistema reprodutivo assim como desenvolver as características femininas dos animais, e a progesterona, que prepara o útero para a implantação do embrião. Outras estruturas incluem a vagina, a abertura do tubo reprodutivo para o meio externo, e o cervix, que conecta o útero à vagina. As exceções do sistema reprodutivo são os monotremados, que têm uma cloaca por onde saem os produtos do sistema excretor, digestório e reprodutivo, embora ainda tenham órgão copulatório.  



Quando ocorre a fecundação do óvulo, inicia-se a formação do filhote com o desenvolvimento do embrião. O período compreendido entre a fecundação e o parto (a saída do filhote do interior da mãe) é chamado de gestação e, durante ele, o embrião pode se formar dentro de um ovo amniótico que lembra o de alguns répteis por causa da consistência menos rígida de sua casca (ocorre nos monotremados). Os ovos ficam guardados dentro da fêmea e são, posteriormente, colocados, chocando após alguns dias, dando vida aos filhotes, que se alimentam do leite produzido pela mãe e que é liberado diretamente em seus pelos, os quais os filhotes lambem para se amamentarem. O embrião também pode se implantar na parede do endométrio da mãe e desenvolver a placenta, um órgão constituído a partir de anexos embrionários (dentre eles o córion e o alantoide) e da decídua basal da mãe. Por meio da placenta, se estabelecem uma série de vasos sanguíneos contidos no cordão umbilical, comunicando o feto em desenvolvimento à mãe, recebendo dela os nutrientes e o oxigênio, e despachando os resíduos nitrogenados e o gás carbônico. Enquanto os mamíferos Eutheria completam o seu desenvolvimento ainda no interior da mãe, a gestação dos Metatheria (ou marsupiais) termina quando os filhotes ainda estão jovens e minimamente desenvolvidos, de modo que estes passem mais um bom tempo no interior de uma bolsa do abdômen, o marsúpio, onde se encontram os mamilos da mãe. 






Sistema digestório:

A digestão tem início com o trabalho das estruturas da boca: dentes, língua e glândulas salivares. Os dentes, nos mamíferos, podem ser de diversos formatos dependendo dos hábitos alimentares do animal e são implantados no osso dentário. São compostos por uma camada interna mais carnosa e repleta de inervações e vasos sanguíneos, a polpa; envolta por uma camada espessa de material ósseo, a dentina que é, por fim, recoberta por uma camada de esmalte nas áreas que ficam expostas para o meio externo e, então, sofrem maior desgaste. Muitos mamíferos apresentam troca de dentes ao longo de suas vidas, com uma primeira dentição menos resistente e temporária, a dentição decídua ("dentes de leite"), e uma mais duradoura e permanente, a dentição primária. Cada tipo de dente costuma ter uma posição correspondente no interior da boca: os incisivos localizam-se na "frente" e tem função de mastigar os alimentos. Os caninos são encontrados nas laterais dos incisivos e são usados principalmente para o consumo das carnes, já que são mais pontiagudos, permitindo usá-los para dilacerar e rasgar as presas. Os pré-molares são dentes formados com a dentição primária, sendo os "próximos" após os caninos em termos de localização. Estes dentes, por terem duas extremidades maiores em sua face superior, são, também, considerados dentes "bicúspides". Os pré-molares têm função de esmagar e moer os alimentos. Os "últimos" dentes são os molares, que têm função semelhante à dos pré-molares, aparecem somente na dentição primária e possuem múltiplos cúspides (três, quatro, cinco...). A língua é um órgão musculoso da boca que ajuda a manipular o alimento em seu interior, auxiliando na digestão mecânica pelos dentes e pela digestão química por parte da saliva produzida pelas glândulas salivares. A língua também pode ter uma consistência áspera, sendo coberta por várias papilas que atuam como espinhos que raspam o alimento, algo comum entre os felídeos. Outras aplicações para a língua incluem a ingestão de líquidos, como água ou o leite materno e a captura de presas por meio de línguas preênseis extensas (tamanduás, por exemplo).






Após a boca, o alimento passa pela faringe e dirige-se ao esôfago (quando o alimento está sendo engolido, a epiglote bloqueia as vias respiratórias para evitar o sufocamento do animal caso a comida caia nelas). Do esôfago, o alimento vai para o(s) estômago(s). Ao longo do tubo digestivo, nota-se que o alimento vai sendo empurrado por meio de um movimento provocado pelo tecido muscular que reveste estas vias, os chamados movimentos peristálticos. O estômago dos mamíferos é um órgão bastante complexo quando comparado ao dos demais vertebrados, já que muitos dos herbívoros apresentam um estômago com múltiplas câmaras para melhor digerir a matéria vegetal que ingerem. O estômago dos mamíferos ruminantes (mamíferos como bois, vacas, cabras e ovelhas) divide-se em quatro partes - rúmen, retículo, omaso e abomaso. A digestão começa no rúmen, onde as plantas são expostas a diversos microrganismos (principalmente bactérias) capazes de quebrar a celulose, fazendo a fermentação no processo. Ocorre a separação dos material digeridos sólidos e líquidos (alimento mais digerido), onde os líquidos são encaminhados para o retículo, que leva ao omaso e, em seguida, ao abomaso, que seria o "estômago verdadeiro" dos ruminantes, onde acontece a digestão química de fato, terminando o trabalho do estômago. Quanto aos sólidos que ficam no rúmen, estes formam um bolo alimentar que retorna à boca, onde será remastigado (ruminado), se quebrando ainda mais, para serem digeridos novamente no estômago. Nem todos os herbívoros são ruminantes, algumas espécies, como os coelhos e os cavalos, por exemplo, têm uma extensão em seus intestinos grossos, o ceco, onde as bactérias estão concentradas e digerem a celulose do conteúdo vegetal. Para tornar este processo mais eficiente, os intestinos destes herbívoros é muito comprido, dando mais tempo para que o alimento seja digerido, o que, quando não ocorre completamente, pode levar a hábitos coprófagos onde o animal ingere as suas fezes (que ainda contêm os vegetais não digeridos) para fazer uma segunda digestão.  Nos onívoros e carnívoros, tais adaptações não ocorrem ou são muito reduzidas. O estômago é um órgão de uma câmara só onde é produzido o suco gástrico para a digestão química da comida e, em seguida, ela é enviada para o intestino delgado, que recebe enzimas e substâncias do pâncreas, como a insulina; e do fígado, a bile; terminando a digestão e integrando os nutrientes ao sangue. No intestino grosso, acontece a reabsorção dos componentes úteis ao corpo, como a água, deixando somente a matéria não aproveitada, que forma o bolo fecal, que é expulso pelo reto através do ânus.




Classificação:

Subclasse Prototheria: ornitorrincos (família Ornithorhynchidae) e as equidnas (família Tachyglossidae).


Infraclasse Methateria: gambás (ordem Didelphimorphia), diabos-da-tasmânia (ordem Dasyuromorphia), cangurus (família Macropodidae) e coalas (família Phascolarctidae)


Infraclasse Eutheria: elefantes (ordem Proboscidea), coelhos e lebres (ordem Lagomorpha), capivaras, ratos, camundongos, porquinhos-da-índia, esquilos e castores (ordem Rodentia), lêmures, chimpanzés, gorilas, orangotangos e humanos (ordem Primata), morcegos (ordem Chiroptera), girafas, bisões, porcos, camelos e cabras (ordem Artiodactyla), golfinhos e baleias (infraordem Cetacea), zebras e cavalos (ordem Perissodactyla), cães, gatos, leões, ursos, lobos e tigres (ordem Carnivora)




Fontes:


Imagens:

Vídeos:
[1] Porque os cachorros cheiram as partes íntimas - https://youtu.be/sJJ-R_9Px7I
[2] Ovelha cabeluda que passou 6 anos perdida recebe 1a tosa -https://youtu.be/a4ULjzXbZfU
[3] Mule deer buck with droptine shedding antlers on film! a must see! - https://www.youtube.com/watch?v=uQUkCx_FQAw
[4] The Yearly Elk Brawl | Untamed Americas - https://www.youtube.com/watch?v=dg4VeesS6_I
[5] How smart are dolphins? - Lori Marino - https://www.youtube.com/watch?v=05PpTqtGhGU&ab_channel=TED-Ed
[7] How do dolphins use echolocation to navigate the deep seas? - https://www.youtube.com/watch?v=CE5tZKFVlto&ab_channel=InterestingEngineering
[8] How dogs "see" with their noses - Alexandra Horowitz - https://www.youtube.com/watch?v=p7fXa2Occ_U&ab_channel=TED-Ed
[9] How do Cats Use Their Whiskers? Slow-Motion | Cats Uncovered | BBC - https://www.youtube.com/watch?v=mdqBbvYX3MU&ab_channel=BBCEarth
[10] Extraocular Muscles, Movements Extrinsic Eye Muscles | 3D Human Anatomy | Organs - https://www.youtube.com/watch?v=G8ooGtdWajo
[11] Urso Pardo resistindo ao inverno no Parque Yellowstone - https://www.youtube.com/watch?v=PyBsXzcKGfE&ab_channel=FCamargo
[14] How do whales and dolphins breath | Prof TRACEY ROGERS - https://www.youtube.com/watch?v=X17kOUnCjUQ&ab_channel=TraceyRogers 
[16] The three different ways mammals give birth - Kate Slabosky - https://www.youtube.com/watch?v=sz3Yv3On4lE&ab_channel=TED-Ed