Classe Reptilia
Características:
- Simetria bilateral
- Triblásticos
- Deuterostômios
- Enterocelomados
- Notocorda: mais uma vez, a notocorda do embrião forma a coluna vertebral dos espécimes, além de induzir o desenvolvimento de outras estruturas, como o tubo neural, estabelece o eixo axial do corpo, etc.
- Tubo neural: estrutura cilíndrica de origem ectodérmica presente no embrião que é a precursora do sistema nervoso central do organismo
- Fendas faringianas: presentes no estágio embrionário, as fendas faringianas, nos répteis não formam brânquias ou arcos branquiais, mas sim dão origem a uma série de estruturas da cabeça e pescoço, como mandíbulas, arcos aórticos, laringe, ossos dos ouvidos, entre várias outras.
- Cauda pós-anal: uma extensão do sistema muscular, nervoso e esquelético dos cordados, a cauda é preservada na fase adulta de todos os répteis, onde assumem uma grande variedade de funções: deslocamento, equilíbrio, atacar outros animais (répteis de cauda grande, como os crocodilos, podem jogar as suas caudas contra um adversário para derrubar ou empurrá-lo, por exemplo), etc.
- Coração ventral:
- Musculatura segmentada: assim como nos anfíbios, a musculatura vai ser dividida em epaxiais (ventrais) e hipaxiais (dorsais), com um grau de complexidade significativamente mais alto que nos peixes, por exemplo, onde os miômeros eram seções transversais e que apresentavam dobras características em "zigue-zague". Agora, os segmentos musculares são mais "irregulares" e "específicos", se adaptando às mudanças no sistema esquelético, que agora é provido com articulações para os membros e para a cabeça, por exemplo.
Funções das glândulas tireoide e paratireoide nos répteis [12] |
Escamas de um lagarto [14] |
Uma cobra fazendo a muda de sua pele [15] |
"Terceira pálpebra" de um réptil [17] |
Localização da membrana timpânica de alguns répteis [19] |
Diferentes tipos de crânios entre os vertebrados amnióticos. A classificação é feita com base no número e na posição das fenestras temporais [22] |
Coração de três câmaras dos répteis [23] |
Coração de quatro câmaras dos crocodilianos [24] |
Comparação entre os pulmões dos anfíbios, répteis e mamíferos [25] |
Ventilação pulmonar dos répteis [26] |
Esquema generalizado dos sistemas reprodutor e urinário dos Amniota (répteis, aves e mamíferos) [27] |
C1 e C2: rins de uma cobra [28] |
Camalões conseguem usar as suas línguas compridas para pegar presas igual aos sapos fazem [34] |
As tartarugas e seus "próximos" têm um bico bastante resistente no lugar de dentes [35] |
Sistema tegumentar:
Na mudança do ambiente mais aquático dos anfíbios para o terrestre dos répteis, os últimos desenvolveram uma série de mudanças que os fizessem mais adaptados aos seus novos habitats. Dentre estas alterações, inclui-se a formação de um epitélio de revestimento mais espesso e rígido para minimizar a perda de água por vaporização. A pele dos répteis caracteriza-se, então, por ser uma estrutura bastante rígida e densa, formada por várias camadas de tecido queratinizado e, também, com anexos que contribuem para esta rigidez e a manutenção da umidade interna. Assim como nos demais vertebrados vistos até então, os répteis têm uma pele formada pelas três camadas principais: epiderme, derme e hipoderme, porém a epiderme destaca-se por ser bastante complexa nestes animais.
A epiderme segue formada por tecido epitelial e apresenta as camadas do estrato córneo, mais externo, compacto, morto e resistente, e o estrato germinativo, onde o tecido ainda está vivo e constantemente faz mitose para gerar novas células para preencher a epiderme, fazendo uma "migração" para as camadas superiores, sendo achatadas e queratinizadas no processo. Entre estas duas estruturas alternam-se duas camadas de constituição semelhante: uma camada mais externa de beta-queratina e uma mais interna de alfa-queratina. Juntas, estas camadas contribuem para uma maior impermeabilização da pele. A epiderme dos répteis também apresenta outro importante anexo que também participa do mecanismo de impermeabilização: as escamas.
As escamas consistem em dobras no tecido epidérmico (e não na derme, como nos peixes) que formam mais um complexo sistema para conter a água dentro do corpo, assim como constitui uma barreira de defesa para micróbios e predadores em vários espécimes. As escamas podem ser pequenas e formar uma pele sem muitas protuberâncias, como nos gecos e lagartixas, ou podem ser grandes e sobrepostas umas as outras, criando uma pele de aparência "rugosa", como nos lagartos e ofídios, que podem, também, ser recobertos por cristas e pequenos "chifres". Crocodilianos e quelônios, por sua vez, possuem ainda uma camada de escudos, estruturas de origem dérmica que se sobrepõem às escamas e formam uma armadura muito resistente que protege ainda mais o organismo, formando, por exemplo, espinhos e carapaças na superfície destes animais.
Os répteis apendiculados costumam ter outro anexo da pele importante em suas patas: garras, estruturas curvadas e afiadas de queratina que podem ser usadas para atacar e dilacerar outros animais e ajudam na locomoção ao fixar o réptil a alguma superfície, como o solo ou o tronco de uma árvore.
Embora a pele seja, em maior parte, compacta e bem aderida aos tecidos muscular e ósseo dos répteis, em algumas partes ela está mais frouxa, como no "papo" dos répteis, onde forma uma membrana que pode ser facilmente expandida, tendo uma função importante para as relações de cortesia, pois faz o réptil parecer maior do que realmente é, atraindo fêmeas e impõe medo/respeito aos outros machos.
Os répteis precisam realizar a mudança da pele de tempos em tempos para remover os micróbios acumulados nesta camada, assim como para permitir o crescimento. Algumas espécies, como os lagartos, removem a pele antiga em pequenos pedaços e os ingerem de volta para reaproveitar os seus componentes, já os ofídios costumam se desfazer da pele antiga inteira em uma única peça.
A derme e a hipoderme dos répteis é, então, parecida com a dos demais vertebrados, compostos, respectivamente, por tecidos conjuntivos e adiposo.
A derme também contém as células responsáveis pela coloração dos répteis, os cromatóforos, que, em algumas espécies como os camaleões, são capazes de mudar conforme o réptil se sente ameaçado ou deseja atrair uma parceira. Além disso, a coloração pode ser alterada de acordo com o período do dia ou o tipo de terreno onde o animal se encontra para melhor se misturar e, assim, evitar predadores. Quando está de noite, por exemplo, podem liberar grandes quantidades de melanina em suas células para tornar a pele mais escura e, assim, se disfarçar na escuridão. As cores também podem ajudar na termorregulação, já que certos tons conseguem absorver mais raios luminosos que os outros, o que é um mecanismo importante para os répteis, tendo em vista que dependem muito da absorção do calor externo para manter o corpo aquecido e os seus sistemas em funcionamento.
Sistema esquelético e muscular (locomoção):
Os sistema esquelético e muscular dos répteis compreendem as estruturas de sustentação e proteção dos órgãos internos, permitem a realização do deslocamento pelos meios aquático e terrestre, a contração e relaxamento dos tratos respiratório e digestório, os batimentos cardíacos, entre várias outras funções. O esqueleto é praticamente o mesmo dos anfíbios, constituído por um esqueleto axial formado pelo crânio, pela coluna vertebral e pelas costelas e o esqueleto apendicular para os membros peitorais e pélvicos. Os músculos, por sua vez, passam por aquela segmentação característica apresentada desde os peixes em músculos epaxiais e hipaxiais, sendo que cada uma destas vertentes está, agora, ainda mais ramificada e dividida em diferentes tipos de feixes musculares para a realização de movimentos específicos.
Analisando o sistema esquelético, nota-se a ocorrência de crânios fenestrados, ou seja, os crânios dos répteis apresentam grandes orifícios simétricos localizados no osso temporal, um osso que compõe a região posterior do crânio. Este traço é uma das várias características que vêm com os animais amnióticos (répteis, aves e mamíferos) e acredita-se que a função destes orifícios seja de tornar o crânio mais leve e, ao mesmo tempo, fazer a mandíbula uma estrutura ainda mais potente, servindo como ponto de apoio para os seus músculos, permitindo uma abertura maior para a boca.
Com base na presença ou não e no número de aberturas presentes no crânio, os Amniota podem ser classificados em diferentes grupos: os Anapsida incluem os amnióticos sem fenestras temporais, dentre eles quelônios como as tartarugas e jabutis; os Synapsida, que contém somente uma abertura atrás das órbitas oculares, abrangem os descendentes de répteis que deram origem aos mamíferos e os mamíferos; os Euryapsida, que também têm só uma abertura, esta ocupando uma posição mais superior no crânio que nos Synapsida, incluem um conjunto de répteis já extintos; e, por último, os Diapsida, que apresentam duas fenestras temporais e incluem as demais ordens dos répteis (Crocodylia, Squamata e Rhynchocephalia).
Crânio de tartaruga marinha - sem fenestras temporais (Anapsida) [48] |
Crânio de tuatara - duas fenestras temporais (Diapsida) [49] |
O esqueleto dos quelônios se destaca bastante quando comparado aos demais répteis. Espécies como as tartarugas, jabutis e os cágados formam uma casca que muitos consideram ser uma estrutura "separada" do corpo do animal mas que, na realidade, faz parte deles, sendo o resultado da fusão de uma série de ossos, dentre elas as cinturas, costelas e as vértebras, formando uma carapaça enorme que abre uma grande cavidade corporal interna para guardar os seus órgãos. Esta casca pode ser dividida em duas partes: a carapaça, a porção dorsal resultante da fusão entre as cinturas pélvica e escapular, as costelas e a coluna vertebral; e o plastrão, a porção ventral. Além dos ossos, as duas faces da casca dos quelônios são recobertas por um conjunto de escudos epidérmicos que podem assumir diferentes padrões, desenhos e colorações. Estes escudos também passam por processo de ecdise assim como a pele dos outros répteis. Os quelônios, aliás, conseguem usar as suas cascas para se protegerem escondendo os seus membros, cauda e cabeça, dentro delas, assim como também podem projetar estas estruturas para fora, revelando os seus pescoços longos.
As espécies marinhas têm membros diferentes de seus parentes terrestres, já que possuem membros mais achatados no formato de nadadeiras, uma estrutura mais adequada para o nado, que fazem movimentando estas nadadeiras (não dependem das ondulações laterais do corpo). Com estas adaptações, as tartarugas marinhas "sacrificam" a sua proteção pois não podem retrair seus membros para dentro da casca como fazem as espécies terrestres.
Sistema circulatório e respiratório:
A circulação da maioria dos répteis lembra, de certa forma, a dos anfíbios por causa da configuração do coração e a "rota" que o sangue faz ao longo do corpo. O coração da maioria dos répteis, incluindo os membros das ordens Squamata, Rhynchocephalia e Chelonia, é formado por dois átrios - direito e esquerdo e um ventrículo com um uma leve segmentação que ajuda a separar os dois tipos de sangue que nele são depositados. Nestes répteis, o sangue venoso oriundo da circulação sistêmica é levado ao seio venoso (uma das câmaras que compunha o coração dos vertebrados mais primitivos e os peixes, e que, nos répteis, consiste em uma câmara que está dorsal em relação ao átrio direito e coleta o sangue de várias veias), que desemboca no átrio direito, enquanto o sangue arterial vindo da circulação pulmonar (onde os vasos sanguíneos passam pelos pulmões para realizar as trocas gasosas) é depositado no átrio esquerdo por meio das veias pulmonares.
Com a contração dos átrios, os seus conteúdos são liberados no ventrículo, que é, por sua vez, subdividido em três partes diferentes: cavum venosum, cavum arteriosum e cavum pulmonale. Desta maneira, o sangue venoso do AD é descarregado no cavum venosum e o sangue arterial do AE no cavum arteriosum, ficando distinguidos por um pequeno septo vertical. Em seguida, o ventrículo vai se contrair de modo que o sangue venoso localizado no CV passe para o CP, atravessando um pequeno espaço delimitado por um extenso septo muscular, e, em seguida, seja enviado para as artérias pulmonares, onde será enriquecido com sangue. Enquanto isso, o sangue arterial do CA vai ser empurrado para o CP, onde pode se misturar com um pouco de sangue desoxigenado e, depois, é levado para os arcos aórticos, entrando na circulação sistêmica. Por meio da estrutura mais complexa do coração, os répteis tricamerados conseguem garantir que cada tipo de sangue esteja em uma posição dentro do coração diferente do outro, assim, reduzindo (porém não eliminando) a mistura do sangue, fazendo a circulação mais eficiente.
Este problema foi solucionado nos crocodilianos, que apresentam o primeiro coração de quatro câmaras nos vertebrados, completamente dividindo o ventrículo em duas câmaras distintas tal como o átrio. O circuito é o mesmo, só com a diferença de que, agora, o sangue venoso tem o seu "próprio" ventrículo e circula sem entrar em contato com o sangue arterial. Outras modificações apresentadas pelo coração dos crocodilianos é uma "ponte" conectando duas artérias que direcionam à circulação sistêmica, uma saindo do ventrículo esquerdo e a outra saindo do ventrículo direito. Em situações de normalidade, o forame fica fechado de modo que somente o sangue arterial vai passar por estas artérias, garantindo que o corpo vai receber o sangue adequado. Já em casos onde o fornecimento de oxigênio é baixo, como quando o crocodiliano se submerge na água e fica estacionário esperando por uma presa, o forame é aberto, permitindo que o sangue do ventrículo direito entre na corrente sanguínea sistêmica, desviando-o da circulação pulmonar que, afinal de contas, não tem muito uso para o animal submerso. Desta maneira, a circulação sistêmica se torna uma mistura de sangue oxigenado e desoxigenado, o que se apresenta, por mais que a princípio não pareça, uma ferramenta que ajuda estes animais. Com o desvio do sangue venoso para o tubo digestório, os tecidos estomacais passam a receber mais gás carbônico, o que favorece a produção de ácidos para a digestão. Durante a submersão, o metabolismo do crocodiliano fica reduzido para diminuir o consumo de oxigênio e, também, para tornar o animal mais imóvel e, assim, não espantar nenhuma presa. No momento em que as reservas de oxigênio começam a se exaurir ou o crocodiliano precisa se movimentar, este ciclo é interrompido e a circulação regular é reiniciada.
Como são animais ectotérmicos, os répteis são desprovidos de mecanismos para controlar a sua temperatura corporal, o que é influenciada diretamente pela temperatura do meio em que se encontram. Desta maneira, as atividades metabólicas dos répteis dependem de o quão quente ou frio está o local que habitam, ou seja, caso as temperaturas estejam muito baixas, o espécime pode diminuir a sua velocidade ou permanecer por extensos períodos de tempo parado em um local mais ensolarado, por exemplo, para que possa manter o seu metabolismo. O contrário também acontece, pois, em uma situação onde as temperaturas estão muito altas, o réptil pode sobreaquecer e perder água mais rápido. Para evitar que isso ocorra, muitos procuram um local sombreado, entram debaixo da água ou, até mesmo, se enterram.
Os répteis também praticam uma forma de hibernação durante as épocas frias, a brumação, onde permanecem um estado de "dormência" onde procuram um abrigo que os isole termicamente (cavernas, buracos, troncos, etc.), e reduzem as suas atividades metabólicas, conservando as suas energias até acabar a estação, e algumas espécies fazem o mesmo, só que para períodos de temperaturas elevadas, a estivação.
Como outra importante adaptação dos répteis para o ambiente terrestre, estes seres também apresentaram uma separação com o meio aquático por meio da adoção da respiração pulmonar como o principal meio de obtenção de gás oxigênio para os seus tecidos em detrimento da respiração branquial predominante nos peixes e da respiração cutânea dos anfíbios que demanda uma constante umidificação da pele.
A "separação" com estes tipos de respiração já pode ser observado no desenvolvimento embrionário, onde as fendas faringianas, que nos vertebrados não amnióticos constituíam os arcos branquiais, agora formam estruturas ósseas da cabeça e do pescoço somente. Em relação aos anfíbios, o sistema pulmonar avançou no que diz quesito à sua complexidade, com uma maior ramificação interna.
O trato respiratório começa na cabeça com um par de aberturas externas, as narinas, que, em algumas espécies, ficam localizadas em uma posição superior, assim, quando o réptil se submerge na água, as narinas permanecem expostas, garantindo a ventilação.
O ar entra pelas narinas, passa pelas cavidades nasais e desemboca na cavidade oral por meio das narinas internas localizadas no céu da boca. Em seguida, o ar passa pela faringe, que se bifurca em laringe, que faz parte do tubo respiratório, e esôfago, que é do sistema digestório. Por meio de uma "válvula", a glote, o tubo respiratório pode ser bloqueado quando o animal ingere um alimento e abre para permitir a passagem do ar fora desta condição. A laringe leva o ar para a traqueia, um tubo sustentado por vários anéis cartilaginosos que fazem a estrutura mais rígida e preservam o seu formato; A traqueia bifurca-se em dois brônquios, um para cada pulmão.
A parede dos pulmões são formados por várias câmaras em formato de favos de mel que atuam como espécies de alvéolos, já que contêm as redes de capilares sanguíneos por meio dos quais são feitas as trocas gasosas, expandindo a área de contato entre estes vasos e o ar inalado.
Para o mecanismo de ventilação, os répteis empregam o mesmo princípio dos anfíbios: expandem o volume dos pulmões para "puxar" o ar para dentro e, depois, reduzem este volume para "expulsar" o ar. O desenvolvimento de uma caixa torácica em conjunto com a musculatura para estes ossos (além do diafragma em certas espécies) tornou este mecanismo mais eficiente pois os ossos da costela ajudam a aplicar pressão sobre os pulmões, os comprimindo. Nem todos os répteis, no entanto, apresentam as estruturas necessárias para fazer este tipo de respiração, como as tartarugas, que têm as costelas fundidas à sua carapaça e, então, não podem usá-las como uma força contra os pulmões, dependendo da ação de outros músculos do tronco para fazê-lo, e algumas espécies de répteis menores, que fazem uma forma de bombeamento bucal, só que com a garganta.
Sistema excretor:
Os rins metanéfricos aparecem no adulto como um traço característico dos Amniota, sendo o tipo de órgão excretor mais avançado do reino Animal. O rim se desenvolve atrelado à parede corporal dorsal e constitui, geralmente em um órgão achatado cujo formato pode ser alongado ou um pouco arredondado, tendendo ao formato típico encontrado nos mamíferos. As excreções são filtradas e coletadas nos rins e enviadas através de ureteres para a cloaca (podendo passar por uma bexiga urinária no caminho) através da qual são eliminadas do corpo.
O funcionamento dos rins atende às necessidades específicas de cada grupo dependendo de seus hábitos. Espécies que passam a maior parte do tempo no meio terrestre sofrem o efeito da evaporação da água e precisam repor este líquido por meio do consumo de alimentos e da ingestão de água em si. Outro método que pode ser usado para a reposição da água é simplesmente através de uma maior absorção da substância durante a filtração do sangue pelos rins. Com isto, a excreção dos animais terrestres acaba concentrando mais substâncias tóxicas e/ou em excesso, como sais e íons, porém, por não serem capazes de produzir excretas mais concentradas que o seu sangue, não conseguem remover todos estes componentes simplesmente pelos rins e, para complementar esta função, apresentam glândulas especializadas na secreção de sais que são geralmente encontradas na cabeça, como nos olhos (glândulas lacrimais), na língua (glândula sublingual) e nas narinas, por meio das quais podem "espirrar" os sais concentrados.
Em virtude da necessidade de conservar água, a excreção dos répteis terrestres é predominantemente na forma de ácido úrico, que forma uma pequena massa sólida branca que se deposita na água, configurando excreção uricotélica. Os animais que passam mais tempo no meio aquático, como os crocodilianos e alguns quelônios, sofrem menos com a perda de água e, assim, não têm um problema tão grande com a retenção de água no corpo. Desta maneira, estes seres podem dispensar mais água no processo de filtração dos rins, removendo as suas excreções na forma de amônia (excreção amoniotélica), que se dissolve muito bem na água, tal como ácido úrico.
Reprodução:
A reprodução, nos répteis, é definida pelo dioicismo, a predominância da reprodução sexuada, o desenvolvimento e fecundação sempre direto e interna, respectivamente, e a preferência por uma estratégia ovípara para o crescimento dos embriões.
O sistema reprodutivo dos machos e fêmeas são parecidos um com o outro, seguindo a configuração básica de testículos/ovários, dutos deferentes/ovidutos e cloaca. Apesar disso, alguns aspectos diferem o sistema reprodutivo destes seres em relação aos demais, como, por exemplo, o fato de não compartilharem estruturas com o sistema excretor, algo observado em vertebrados como os peixes e os anfíbios, apesar de tanto o trato reprodutivo quanto o urinário desembocarem na cloaca, podendo haver uma mistura entre os seus produtos.
Quase todos os répteis, ao fazer fecundação interna, apresentam órgãos especiais contidos na cloaca e que são revelados durante o processo copulatório para garantir que a inseminação da fêmea ocorra. Desta maneira, todos os espécimes machos, com a exceção das tuataras, possuem um pênis (que pode ser uma estrutura única, como nos quelônios e crocodilianos, ou uma estrutura bifurcada, os hemipênis de répteis da ordem Squamata). Os integrantes da ordem Rhynchocephalia não possuem este tipo de órgão e, como consequência, realizam a fertilização posicionando as suas cloacas próximas uma da outra. Diferentemente do órgão copulador dos mamíferos, este, nos répteis, tem função apenas de ser uma estrutura somente reprodutiva, ou seja, não pode ser usada para aumentar a remoção de excretas do corpo.
Hemipênis de uma cascavel [78] |
Uma das maiores mudanças trazidas pelos répteis, não só em relação a um grupo específico como os anfíbios ou peixes, mas como para o reino animal como um todo, foi o desenvolvimento de um ovo amniótico que tornou o embrião mais protegido contra impactos e o ressecamento diante do afastamento em relação à água, contribuindo para que uma grande variedade de espécimes se desenvolvessem pela terra firme.
O ovo amniótico é formado pela combinação de várias camadas e componentes que auxiliam na função de proteger o ovo e fornecê-lo nutrientes e substâncias necessárias para o seu desenvolvimento, assim como realizar algumas de suas funções vitais enquanto este ainda não têm seus respectivos órgãos prontos. A camada mais externa do ovo é a casca em si. A casca é formada principalmente por cálcio, o que a torna um tanto rígida e impermeável para o meio externo, o que, mesmo assim, não impede o transporte de substância para dentro ou fora do ovo, como por exemplo as trocas gasosas que mantêm o filhote vivo. Nem todos os ovos de répteis são inteiramente "firmes" como os das aves, já que algumas espécies de crocodilianos, quelônios e gecos possuem ovos mais rígidos que precisam ser quebrados para que os novos indivíduos consigam sair de dentro deles, enquanto os ovos dos outros répteis, incluindo lagartos, serpentes e rincocéfalos, têm uma consistência mais mole e enrugada como se fosse uma espécie de couro, sendo, portanto, uma casca mais fácil de ser rompida pelo indivíduo nascido. Conforme o processo de desenvolvimento vai se desenrolando, o embrião absorve parte do cálcio que forma a casca principalmente para estruturar o seu sistema esquelético, de modo que, quando estiver pronto, a casca vai estar muito menos resistente que originalmente era, facilitando a saída do filhote.
Filhotes de píton-real (ball python) saindo de seus ovos. Repare como os ovos não estão rachados mas parecem, na verdade, "amassados", demonstrando a consistência maleável dos ovos das cobrasOvos de crocodilo chocando. Neste caso, os ovos se desfazem em "pedaços", demonstrando a maior rigidez dos ovos dos crocodilianos
Abaixo da casca encontra-se o córion, que está intimamente ligado à casca, por meio de cujos poros consegue fazer as trocas gasosas. Associado ao córion também está o alantoide, que tem como principal função receber e armazenar as excreções do embrião, incluindo substâncias como o CO2 liberado por ele. Por meio de sua ligação com o córion, formando o alantocórion, o alantoide consegue, além de remover os resíduos nitrogenados do corpo, realizar as trocas gasosas do sangue. A última camada do ovo é o âmnio, a membrana que envolve o próprio embrião, delimitando uma cavidade preenchida por um fluido que reduz o impacto de choques mecânicos contra o espécime e evita o seu ressecamento. O embrião ainda está ligado a mais um anexo, o saco vitelínico, uma estrutura que contém o vitelo, uma reserva altamente nutritiva e que serve como a principal fonte de energia para o ser durante o seu desenvolvimento.
Alguns pontos interessantes sobre a reprodução nos répteis são a maneira como algumas espécies têm seus sexos definidos e o fato de que podem ocorrer casos de reprodução assexuada dentre eles. No primeiro caso, nota-se que nem todos os organismos desta classe têm seus sexos determinados com base em seus cromossomos sexuais, sendo que estas espécies podem ter seus sexos influenciados pela temperatura a que foram expostos enquanto dentro dos ovos. O padrão não é sempre o mesmo para todos os diferentes tipos de répteis: em alguns casos, os ovos que receberam temperaturas mais altas deram origem a machos enquanto as mais frias deram origem a fêmeas; em outros, os ovos mais quentes formaram as fêmeas e os frios formaram machos; e, ainda, já se observou um padrão onde as temperaturas mais extremas (mais quentes e mais frias) resultaram em indivíduos femininos e as intermediárias resultaram em machos. A influência que a temperatura tem sobre o desenvolvimento destes embriões apresenta-se como um dos vários aspectos que podem ser afetados pelo aquecimento global, tendo em vista que, com a elevação da temperatura média global, as populações de répteis de várias localidades podem ser desequilibradas com o aumento expressivo no número de indivíduos de um mesmo sexo (ou, até mesmo, provocando o nascimento de organismos de apenas um sexo, tornando impossível a reprodução dentro da comunidade, levando à sua extinção).
A partenogênese, fenômeno que pode ser observado em outros seres vivos, como plantas e insetos, pode acontecer com alguma espécies de lagartos e cobras. Basicamente, a partenogênese dos répteis acontece quando um indivíduo fêmea acaba pondo ovos com embriões sem ao menos ter copulado e ter sido fertilizada por um macho. Como este meio de reprodução envolve somente um indivíduo, os filhotes acabam tendo o mesmo material genético da mãe, essencialmente dando origem a uma série de "clones".
Embora ainda não seja tão avançado quanto como aparece nas aves e nos mamíferos, os cuidados parentais são mais frequentes nos répteis que nos anfíbios. Certas espécies, como as tartarugas marinhas, apresentam pouco a nenhum cuidado parental, costumando cavar buracos nas areias das praias, depositar os seus ovos em seu interior e abandoná-los para se cuidarem sozinhos. Algumas espécies de serpentes e cobras já apresentam um nível mais complexo de cuidados parentais, geralmente ficam nas redondezas dos ninhos ou buracos onde puseram os seus ovos para protegê-los, podendo, até mesmo, ficar enrolados ao redor deles para mantê-los aquecidos. Os crocodilianos, por sua vez, têm os cuidados parentais mais desenvolvidos dos répteis, já que, além de guardá-los enquanto ovos, acompanham o crescimento de seus filhotes até se tornarem independentes. Durante este período, se mostram muito protetores de seus pequenos, mantendo constante atenção para vocalizações e sinais de medo ou estresse.
Sistema digestório:
Em termos de hábitos alimentares, os répteis são bastante variados, a maioria sendo carnívora e algumas poucas espécies sendo herbívoras ou onívoras. As espécies carnívoras costumam se alimentar de animais menores que elas mesmas levando em consideração as suas necessidades energéticas (quanto menor o réptil, menos energia requer e, então, come animais menores e vice-versa) e, também, o volume do tubo digestório (uma exceção sendo os ofídios, que, por terem uma mandíbula muito flexível, conseguem deglutir animais muito maiores que eles mesmos). Dentre as suas principais presas, se encontram artrópodes, moluscos, anelídeos, peixes, anfíbios, outros répteis, aves e até mamíferos. A alimentação dos seres herbívoros geralmente consiste em algas, folhas, frutos, gramíneas e ervas, enquanto os onívoros se alimentam de ambos os itens dos carnívoros e dos herbívoros.
A maioria dos répteis não mastiga os seus alimentos, simplesmente mordem e cortam pedaços do alimento ou os ingerem inteiros, aproveitando a força de suas musculaturas mandibulares e a ampla abertura que conseguem atingir. Os répteis são desprovidos de lábios e alguns têm bicos de queratina no lugar de dentes, como as tartarugas. A língua ajuda a distribuir as secreções digestivas e a saliva, assim como manter a presa dentro da boca e manipulá-la. Algumas espécies a utilizam para avaliar se o alimento está adequado para o consumo, para capturar animais a longas distâncias, limpar os olhos, etc.
Após engolir o alimento, ele será deslocado para a faringe e, posteriormente para o esôfago. No caminho, a faringe apresenta a bifurcação entre o tubo respiratório (em direção à laringe) e o tubo digestório (em direção ao esôfago) e, para evitar que o alimento acabe entrando nas vias respiratórias, correndo o risco de obstruí-las, a glote fecha esta passagem.
No estômago acontece a maior parte da digestão química, o que, geralmente, leva um bom tempo para ser concluída nos répteis, já que eles costumam se alimentar de animais e plantas inteiras, então as enzimas e substâncias químicas do estômago precisam de mais tempo para efetivamente quebrar estes alimentos (ainda mais nas cobras que conseguem ingerir répteis e mamíferos relativamente grandes quando comparados ao seu tamanho, desde crocodilos até cervos). Nestes casos, a contração dos músculos do abdômen também auxiliam na digestão, pois pressionam a presa dentro do tubo digestório, podendo quebrar os seus ossos em partes cada vez menores. Outro caso interessante da digestão em répteis grandes é o dos crocodilianos, que podem intensificar a produção de ácidos em seu estômago ao se submergirem (mecanismo já discutido na seção do sistema circulatório). Nota-se que muitas destas espécies grandes se alimentam em períodos muito extensos, ou seja, existem espécies de cobras e crocodilianos que podem fazer uma refeição a cada semana até ficar meses sem se alimentar.
Classificação:
Ordem Squamata (escamados)
- Pele provida de escamas epidérmicas
- Corpo comprido e, nas serpentes, de formato tubular e desprovido de membros
- Fazem as mudas de pele em partes (lagartos) ou mudam toda a pele de uma vez (serpentes)
- Utilizam o órgão vomeronasal ou órgão de Jacobson para sentir cheiros
- Crânio com duas fenestras temporais e com mobilidade elevada
- Coração com três câmaras
- As serpentes têm as peças da mandíbula inferior unidas por simples filamentos cartilaginosos e o osso quadrado é bastante flexível -> maior abertura bucal
- Autotomia caudal: a cauda pode ser amputada como um meio de defesa. Ela se regenera depois
- Dentição acrodonte e pleurodonte
- Língua bifurcada usada para o olfato e capturar presas
- Maioria carnívora, algumas serpentes conseguem se alimentar de animais grandes (outros répteis e mamíferos como cervos, porcos, cabras, etc.)
- Possuem glândulas venenosas que podem ser inoculadas nas presas para paralisar ou matá-las
- Órgão copulatório dividido em dois hemipênis
- Ovos com casca maleável
- São classificados em três subordens: Lacertilia, que abrange as espécies referidas comumente como "lagartos", dentre eles gecos, lagartixas, iguanas e dragões-barbudos; Serpentes, que inclui as "cobras" - víboras, cascavéis, pítons, jiboias, corais, etc.; e Amphisbaenia, onde estão as cobras-de-duas-cabeças
Ordem Crocodylia (crocodilianos)
- A pele com escamas epidérmicas é recoberta por escudos dérmicos, criando uma armadura bastante rígida
- Olhos e narinas ocupam uma posição superior na cabeça, permitindo que o crocodiliano visualize os seus arredores e respire enquanto fica debaixo da água
- Crânio com duas fenestras temporais (Diapsida)
- Coração com quatro câmaras
- Há uma ponte, o forame de Panizza, ligando as aortas esquerda e direita
- A circulação pode ser desviada do pulmão para o estômago enquanto submersos
- Respiração pulmonar com ventilação provocada pelo movimento do músculo diafragma
- Forte musculatura mandibular (uma das mordidas mais potentes do reino animal)
- Dentição tecodonte
- Alimentação carnívora
- Um único órgão copulatório, o pênis
- Ovos com casca rígida
- Cuidados parentais complexos
- São divididos em três famílias: Alligatoridade, que contém jacarés, aligátores e caimães; Crocodylidae, contém os crocodilos; e Gavialidae, onde estão os gaviais.
Ordem Rhynchocephalia (rincocéfalos/tuataras)
- Bastante próximos dos répteis escamados e com poucas espécies restantes
- Possuem um "terceiro olho" funcional, o olho pineal, que também regula o seu ciclo de sono
- A porção dorsal do corpo é coberta por uma "crista" espinhosa
- Crânio com duas fenestras temporais (Diapsida)
- Autotomia caudal
- Coração com três câmaras
- A ponta da mandíbula superior tem formato de bico, o que dá o nome da ordem: Rhyncho - bico, cephalo - cabeça -> "cabeça de bico"
- Dentição acrodonte
- Órgão copulatório dividido em dois hemipênis
- Esta ordem só apresenta uma espécie viva atualmente, Sphenodon punctuatus
Ordem Chelonia (quelônios)
- As escamas epidérmicas são cobertas por escudos dérmicos assim como nos crocodilianos
- Casca resultante da fusão entre dezenas de ossos (vértebras, costelas, cinturas) que envolve a maior parte dos órgãos internos e pode esconder a cabeça e os seus membros
- Coluna cervical bastante articulada com o crânio permite que o pescoço se estenda ou encolha para proteger a cabeça dentro do casco
- Espécies marinhas têm nadadeiras no local de patas
- Coração com três câmaras
- A boca não apresenta dentes mas se desenvolveu na forma de um bico similar ao de uma ave
- Podem ser carnívoros, herbívoros ou onívoros
- Ovos majoritariamente de casca rígida
- Poucos cuidados parentais: algumas espécies põem os ovos no substrato e deixam os filhotes para cuidarem-se sozinhos
- Se classificam em duas subordens: Cryptodira, os espécimes que conseguem guardar o pescoço reto dentro da casca, incluindo tartarugas marinhas, cágados e tartarugas de casco mole; e Pleurodira, que inclui os espécimes que precisam curvar o pescoço lateralmente para protegê-lo dentro de sua carapaça, as tartarugas sideneck, que geralmente tem um pescoço mais comprido que os membros de Cryptodira.
Fontes:
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Vídeos:
[1] Anole Lizard Shedding and Eating It's Skin - https://www.youtube.com/watch?v=qZSNjGit7e0&ab_channel=MyBackyardBirding
[2] How a Snake Sheds its Skin - https://www.youtube.com/watch?v=xDiL2zIFYuA&ab_channel=SnakeDiscovery
[3] Nature's Mood Rings: How Chameleons Really Change Color - https://www.youtube.com/watch?v=Kp9W-_W8rCM&ab_channel=DeepLook
[4] Tree boa - snake skull, brain cast, and inner ear - https://www.youtube.com/watch?v=D5EvCwwZyMI&ab_channel=WitmerLab
[5] Chameleon EYES -
https://www.youtube.com/watch?v=KaNzChBiOLM&ab_channel=JamieWagner
[6] Heat Sensing Pit Vipers - Deadly Vipers - BBC animals - https://www.youtube.com/watch?v=lySW2-eYilg&ab_channel=BBCStudios
[7] Why do Snakes have forked tongues? Snakes: forked tongues explained - https://www.youtube.com/watch?v=qq3pYMEQ3lU&ab_channel=CTnaturalist
[8] You Have Reptile Bones in Your Ears! - HHMI Biointeractive Video - https://www.youtube.com/watch?v=-W75OG0DQEI&ab_channel=biointeractive
[9] Baby alligator calling for mom - https://www.youtube.com/watch?v=aFfciCu8wY8&ab_channel=posmx
[10] How Snakes Move! (They don't just slither) - https://www.youtube.com/watch?v=7-AKPFiIEEw&ab_channel=SnakeDiscovery
[11] Gator Swimming - https://www.youtube.com/watch?v=3axxi2HTAm0&ab_channel=UF%2FIFASCFLAG
[12] Why Lizards Don't Run Marathons - https://www.youtube.com/watch?v=7m0qzY5v54Q&ab_channel=SciShow
[13] Jesus Christ Lizard - https://www.youtube.com/watch?v=CW0TijmAUqY&ab_channel=NationalGeographic
[14] Snapping Turtle Sunbathing - https://www.youtube.com/watch?v=dJkCoXd6oz4&ab_channel=NATURECAMHD
[15] What is Brumation? And Why Do Reptiles Do it? - https://www.youtube.com/watch?v=Phj2zSPn8Zs&ab_channel=LeopardGecko
[16] Sneezing Galápagos Marine Iguanas - https://www.youtube.com/watch?v=6G6ZL0fbLHQ&ab_channel=NextGenScientist
[17] Ball Python Eggs Hatching Time Lapse - https://www.youtube.com/watch?v=iTVd02LVV-0&ab_channel=MarkusJayne
[18] Hatching baby crocodiles from eggs in Darwin, Australia - https://www.youtube.com/watch?v=QjUlqXPkCDs&ab_channel=BishWard
[19] Surviving Sea Turtles | Untamed - https://www.youtube.com/watch?v=Ipf0fehg5os&ab_channel=NatGeoWILD
[20] Python vs Turtle 05 Mirrored - https://www.youtube.com/watch?v=i6pzp_nyAUY&ab_channel=ojatro
[21] Crocodile Mom Scoops Up Babies in Mouth - https://www.youtube.com/watch?v=rvjDcbLtU5I&ab_channel=NatureonPBS
[22] Day Gecko enjoying some Orange - https://www.youtube.com/watch?v=KcG3HqiKkBw&ab_channel=AllegroDigital
[23] Tiny Chameleons' Tongues Pack Strongest Punch (High-Speed Footage) - https://www.youtube.com/watch?v=pn37lT7HbrA&ab_channel=NationalGeographic
[24] Python eats Alligator 02, Time Lapse Speed x6 - https://www.youtube.com/watch?v=dVRhRzE_AkQ&ab_channel=ojatro
[25] American Alligator Smashes Turtle's Shell To Bits & Then Swallows Entire Turtle Whole - https://www.youtube.com/watch?v=YDl7M9ROXPw&ab_channel=Gojirafeet66
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