quarta-feira, 8 de abril de 2020

Classificação Biológica

A sistemática, ramo da ciência que busca estudar a biodiversidade, classificando o conjunto de seres vivos em determinados grupos taxonômicos com base nas similaridades entre estes seres vivos, levando em consideração diversos critérios, entre eles comportamento, anatomia, fisionomia, morfologia, etc.

É uma das vertentes das ciências biológicas mais antigas, tendo em vista que, desde a Grécia antiga já eram propostas maneiras de classificar os seres vivos. Logo, é possível concluir que os critérios e métodos utilizados mudaram conforme se desenvolveram novos métodos e tecnologias. 

Quando se fala de sistemática, os principais nomes a se pensar são os de Aristóteles e Lineu. Aristóteles, um dos maiores pensadores da Grécia antiga, foi o primeiro a tentar categorizar as coisas vivas da Terra, sendo que alguns pontos de sua lógica permanecem até hoje. Por exemplo, a ideia de que espécies distintas apresentam diferentes graus de complexidade (como as plantas em comparação aos animais) e que as espécies dentre estes grupos também podem ser organizadas entre elas de acordo com as suas estruturas e características (Aristóteles classificava os animais em animais de sangue quente e frio, além de distinguir os humanos dos demais animais por ser os únicos, ao seu ver, a deter racionalidade). 
Outro nome importantíssimo para a classificação biológica foi o de Carl von Linné, que revolucionou a sistemática com os conceitos apresentados em sua principal obra "Systema naturae" (falaremos sobre eles mais profundamente). 
Mudanças e propostas são feitas até os dias de hoje, podendo citar indivíduos como Ernst Haeckel, que introduziu o sistema de cinco reinos e Carl Woese, que elaborou o sistema de três domínios, que são usados por convenção atualmente. 

Fontes:

Resumo sobre classificação biológica: esse resumo contém os seguintes itens:

- Definição de sistemática, taxonomia e filogenia
- Taxonomia de Lineu
- Hierarquia taxonômica
- Regras de nomenclatura (com exemplos)
- Cladograma e especiação

1) Áreas relacionadas ao assunto: 

a) Sistemática: se dedica a catalogar os seres vivos e classificá-los de acordo com diversos critérios, estabelecendo relações de "parentesco evolutivo" entre estas espécies. Ou seja, a sistemática consiste na "junção" de outras duas áreas da biologia, a taxonomia e a filogenia.

b) Taxonomia: na sistemática, corresponde à parte de classificação dos organismos segundo as características que apresentam, sejam elas anatômicas, fisionômicas, comportamentais, morfológicas, entre outras.

c) Filogenia: dentro da sistemática, estuda as relações evolutivas entre grupos de organismos. Uma forma comum de demonstrar tais relações é por meio das árvores filogenéticas.

2) Avanços introduzidos por Lineu:

Grande parte dos avanços realizados nesta área em específico da biologia se deve aos estudos do sueco Carl von Linné (ou Carollus Linnaeus em latim), que, em sua obra, "Systema Naturae", apresentou grande parte do sistema hierárquico de taxa (plural de táxon, como são chamados os "grupos" de espécies na taxonomia) usado atualmente.

Classificação taxonômica da raposa-vermelha (Vulpes vulpes). Grande parte dos níveis desta hierarquia foi introduzida pelo trabalho de Lineu. Além destas, existem taxa que podem ser formadas a partir de conjuntos de um mesmo nível hierárquico e que podem se encontrar no intervalo entre um nível superior e um inferior (um superreino, por exemplo, é feito de um conjunto de reinos e se encontra entre um domínio e um reino, já uma subclasse se encontra entre as classes e as ordens).
O superfilo Deuterostomia é formado pelos seres deuterostômios (isto é, seres em que o blastóporo, abertura que surge durante o processo de desenvolvimento do embrião, dá origem ao ânus), reunindo principalmente os filos Chordata (cordados) e o Echinodermata (equinodermos como a estrela-do-mar).

Outra contribuição fundamental de Lineau foi o desenvolvimento do conceito de "espécie". Para Lineu, uma espécie consiste no conjunto de organismos com o mesmo número de cromossomos e capaz de reproduzir somente entre eles (ou seja, são isolados reprodutivamente), gerando uma prole fértil. Desta maneira, seres como os híbridos não constam como espécies pois são inférteis, assim, não são capazes de gerar descendentes.
O ligre é o resultado do cruzamento de um leão e uma tigresa. Como são estéreis,  sendo, então, incapazes de gerar descendentes, não constituem uma espécie segundo o conceito de Lineu.

3) Regras de nomenclatura: 

a) O nome das espécies é formado por dois nomes: um epíteto genérico, um substantivo que designa o gênero da espécie e a primeira letra é em maiúsculo. Já o epíteto específico é um adjetivo que determina a espécie dentro do gênero e é totalmente escrito em minúsculo.

Ex.: Felis catus (gato doméstico) - O epíteto genérico indica o gênero dos felinos enquanto o epíteto específico determina que este nome se refere à espécie Felis catus dentre as demais espécies do gênero.

Em um manuscrito, os epítetos devem ser sublinhados individualmente enquanto em um texto digitado devem ser escritos em itálico.
Ex.: Felis catus (manuscrito)
Felis catus (digitado)
O nome da espécie também é acompanhado pelo nome do "autor". As espécies denominadas por Lineu podem ser acompanhadas por um simples "L", abreviação do seu sobrenome. Já quanto a outros autores, estes não podem ter seus nomes abreviados a uma única letra, sendo permitido, no mínimo, três letras.
Ex.: Homo sapiens L. (humano)
Melopsittacus undulatus, Shaw (periquito-australiano)
O nome do autor é sucedido pelo ano em que foi realizada a descrição.
Ex.: Homo sapiens L. 1758
Melopsittacus undulatus (Shaw, 1803)
b) Os nomes são em latim ou latinizados. A opção pelo latim para nomear as espécies se fundamenta no fato de que o latim é uma língua morta, ou seja, não sofrerá mais mudanças. Além disso, cria nomes "universais" para as espécies, isto é, por mais que exista uma palavra designada a cada animal em cada língua, a nomenclatura cria um nome que seria utilizada e compreendida por pessoas de qualquer país.
c) Formação do nome de famílias, subespécies, etc.:
  • No caso das famílias animais, se usa o gênero da espécie "mais conhecida" e se acrescente o sufixo "-idae".
Ex.: Bos taurus (Linnaeus, 1758)
Gênero = Bos
Família = Bos + idae = Bovidae
  • No caso das famílias vegetais, se acrescenta o sufixo "-acea".
Ex.: Rosa kordesii (Wulff)
Gênero = Rosa
Família = Rosa + acea = Rosacea
  • Ao nomear variações ou subespécies e clones, se acrescenta estes ao epíteto genérico e específico.
Ex.: Homo sapiens sapiens (Linnaeus, 1758)
Cattleya labiata amethystina canoinhas
4) Cladogramas:
A palavra cladograma significa "diagrama de ramos" e é utilizado para demonstrar as relações taxonômicas de múltiplas taxa.
O cladograma funciona da seguinte maneira: no ramo "contínuo" se encontram as plesiomorfias (características comuns) dos grupos estudados (no caso da figura, temos, por exemplo: coluna vertebral; esqueleto; tetrapedia; ovo amniótico, etc.). As demais ramificações indicam os tais grupos, chamados de "terminais", que são "destacados" do ramo de plesiomorfias conforme deixam de apresentar tais características (por exemplo, os peixes cartilaginosos formam o seu próprio ramo antes do traço do esqueleto ósseo pois não o possuem).
A formação de um ramo é chamada de cladogênese. Os pontos de ramificação são chamados de "nós".
A apomorfia seria a característica ancestral derivada que é mais recente em comparação às demais. Por exemplo, a presença de quatro membros é uma característica apomórfica para os anfíbios enquanto o esqueleto ósseo e a notocorda (característica dos vertebrados) são plesiomórficas. A apomorfia pode ser de dois tipos:
Sinapomórfica: compartilhada por mais de um grupo, como o ovo amniótico para primatas, roedores, crocodilos e aves)
Autoapomórfica: presente em um único grupo.
Um conjunto de taxa, quando observado em um cladograma, pode ser classificado como monofilético, parafilético ou polifilético.
Monofilético: reúne todos os descendentes de um ancestral comum.
Parafilético: reúne um ancestral comum e apenas uma parte de seus descendentes.
Polifilético: reúne espécies com diferentes ancestrais
A cladogênese é uma das maneiras como, com o passar do tempo, surgem novas espécies (especiação). No caso desta, as transformações ocorrem de maneira mais rápida e decorrem com o isolamento de um grupo de uma população em relação ao outro, que, com o passar do tempo, se adaptam às suas condições, formando uma nova espécie. Na cladogênese, é capaz que seres "ancestrais" e "descendentes" coexistam em um mesmo período de tempo e numa mesma região geográfica (evolução ramificada). A outra forma de especiação é a anagênese, processo mais demorado, ocorre quando uma população inteira gradativamente passa por uma mutação genética, dando origem a uma nova espécie que "substitui" a antiga, isto é, a espécie vai se transformando como um todo com o tempo (evolução linear).

Fontes:
Anotações das aulas do professor

Resumo sobre classificação biológica (para baixar): 

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